O “encantador de crianças”

Alguém poderá dizer que Cristiano Borges é um mágico de câmera na mão. Não estará enganado. Aos 26 anos de idade (recém-completados), o fotógrafo de Fundão, no Espírito Santo, registra crianças com doses generosas de criatividade e emoção. Para isso, ele realmente utiliza alguns truques de mágica…

Cristiano começou a fotografar como faz muita gente: assim que o primeiro filho nasceu. Isso foi há cinco anos. Ele comprou uma camerazinha amadora para não perder nada. Absorvido pela prática, foi se aprimorando e investindo em equipamentos. Com o tempo, resolveu fazer algum dinheiro extra fotografando eventos nos finais de semana.

Assim, há três anos o capixaba ingressou no mercado profissional. Atualmente, conta com dois estúdios, um em Fundão e outro em Vitória, emprega dois assistentes e se dedica a fotografar bebês, gestantes e casais. Tem clientes por todo o estado e dá cursos para fotógrafos de recém-nascidos. Para ele, o que faz é arte.

“Sou apaixonado por cinema, pinturas e tento contar histórias através do nosso trabalho”, afirma. Com essa convicção, fotografou o segundo filho aos oito dias de vida, mas o resultado não agradou. Isso o levou a pesquisar sobre recém-nascidos em livros de medicina: queria entender seus sinais, quais cuidados tomar. “Daí, comecei a fazer fotos que me agradavam, e não me preocupei se agradariam outras pessoas, pois eu gosto de trabalhar com muita sombra e normalmente fotos de estúdio são sempre com bastante luz”, pontua.

Fotografar “newborns” hoje é moda. Mas há oito meses, especialmente lá em Fundão, não era assim. As mães relutavam em deixar a cria nas mãos do fotógrafo. Mas o trabalho de Cristiano foi ganhando projeção e a barreira que havia sumiu. Muito em função, certamente, do trato que demonstra com os pequenos.

“Utilizo várias técnicas para acalmar e encantar o bebê. Sim, encantar, pois adoro ilusionismo, fiz cursos de mágica e gosto de brincar com as mentes de quem for ver minha imagem. Para isso, preciso fazer com que o bebê durma a maior parte do tempo, assim consigo colocá-lo em posições estratégicas e fazer fotos normalmente improváveis (com segurança)”, revela, destacando que a natureza frágil dos modelos exigiu algumas mudanças na rotina do estúdio. Isso incluiu higienizar todo o ambiente antes de cada ensaio, ter álcool gel sempre ao alcance das mãos, evitar objetos que acumulem poeira, ter máscaras descartáveis e luvas à disposição, além de trocador, fraldas e lenços para alguma eventualidade.

“O conhecimento em outras áreas é necessário para que possamos passar segurança para os pais. Quando eles conversam conosco procuramos explicar o porquê de usar cada acessório, por exemplo lã e algodão nos cenários (para não causar alergia no bebê). Os pais sente-se seguros quando dominamos outras áreas além da fotografia, e nos confiam o que há de mais precioso para eles!”, esclarece. Ele também utiliza aquecedor e uma trilha sonora que simula o som do útero materno. Quanto ao equipamento, sua câmera é uma Canon 5D Mark II, com lentes 50, 24-70 e 24-105 milímetros. “Eu trabalho com flash, pois gosto de manipular minha luz e brincar com sombras. Para isso, utilizo snoot longo, octobox, hazy, sombrinha difusora, rebatedor e bandoors”.

Nesse quesito, Cristiano foge à regra, visto que fotógrafos de bebês preferem iluminação natural. Também é curioso – embora não seja incomum – vermos um homem fazendo retratos de bebês, crianças e gestantes. Se há regra para isso, ela escapou ao rapaz, pois em sua cidade de 14 mil habitantes só havia um fotógrafo atuando quando começou: “Quando eu fui ver que as mulheres dominavam o mercado, eu já havia iniciado esse trabalho e traçado meu foco”, diz. De todo modo, as colaboradoras são todas mulheres, tanto para atendimento, manipulação ou assistência dentro do estúdio. Requisito mais importante, ele acredita, é ter carisma e ser apaixonado por crianças.

Galeria de imagens de Cristiano Borges:

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