Estilo, quem define é o cliente
O fotógrafo paulistano Anderson Miranda, 45, foi uma espécie de embaixador do Trash the dress no Brasil. Um pioneiro nacional nesse estilo que já foi muito popular, mas que, alguns dizem, virou coisa do passado: a ideia de desmistificar o vestido de noiva infligindo algum “sofrimento” a ele, como fazê-lo rolar na areia da praia e coisas do gênero. “Virou uma commodity”, avalia Anderson, que vive em Curitiba (PR) e fotografa casamentos há oito anos.
Ele ainda faz ensaios Trash the dress, e por um simples motivo: ainda há clientes que procuram por isso. Como há os clientes que querem Bridal sessions, os ensaios de noivas que estão mais em alta em sua pauta. No fim das contas, Anderson acredita, tudo é questão de moda, e moda é um processo cíclico. “O que não vai mudar é a necessidade de oferecer um produto aos noivos”, afirma.
Engenheiro de formação, com especialização em computação gráfica, Anderson Miranda andava procurando algo que “curtisse fazer” quando optou pela fotografia, há nove anos. Ele havia se mudado para Florianópolis (SC) e guiava trilhas ecológicas para fotógrafos pela ilha de Santa Catarina. No começo, descartou fotografar casamentos, pois achava “careta”. Mas, ao tomar conhecimento do trabalho dos fotógrafos da associação internacional de fotojornalismo de casamento, a WPJA, mudou de ideia. E resolveu desenvolver um estilo particular, empregando iluminação de moda. Queria estabelecer um produto.
O que nos traz de volta ao TDD. O ensaio que ele ajudou a popularizar tornou-se lugar-comum. Coisas boas e coisas terríveis foram feitas sob essa chancela. O precursor do estilo lembra especialmente de uma sessão de fotos que viu, feita em uma favela, numa tentativa de contrapor luxo e lixo que não deu muito certo. Equívocos assim, em sua opinião, ocorrem por falta de boas referências e de um pouco mais de estudo por parte dos fotógrafos.
Porém, Anderson ressalta, o que determina se um ensaio foi ou não bem-sucedido é o nível de satisfação de quem pagou por ele. “Não existe o certo e o errado. O importante é agradar ao cliente. O apelo estético da fotografia é muito pessoal”, determina Anderson, que procura, no entanto, fugir aos modismos. O conceito que norteia seu trabalho é o da atemporalidade: “Coisas ousadas, mas que remetam ao romantismo”, é como ele “assina” as suas fotografias.