Erwin Blumenfeld, ícone da moda

A atriz Audrey Hepburn, fotografada por Blumenfeld em 1952

O trabalho do alemão Erwin Blumenfeld (1897-1969), “um dos mais inovadores e influentes fotógrafos do Século 20”, conforme conceituou o jornal inglês The Telegraph, está em cartaz na Somerset House, galeria londrina que tradicionalmente abre as exposições do Sony Awards. A mostra teve início na quinta-feira (23) e segue até 1º de setembro.

Ícone da fotografia fashion, Blumenfeld ganhou sua primeira câmera aos dez anos de idade. Iniciou suas experiências com autorretratos, que continuou produzindo ao longo de toda a carreira. Após a 1ª Guerra Mundial – durante a qual atuou como motorista de ambulância – teve contato com o movimento dadaísta, passando também a criar colagens com fotos e recortes de revista.

Em 1923, já casado e pai de uma menina, Erwin se mudou para Zandvoort, na Holanda, e abriu uma loja de artigos de couro. Por um acaso feliz, encontrou um laboratório fotográfico abandonado pelo antigo proprietário do prédio onde estabeleceu seu negócio. A partir disso, passou a fotografar seus clientes e se tornou parte da cena artística local. Nesse período, realizou alguns ensaios de nu, que são considerados a sua obra-prima.

Blumenfeld teve sua primeira foto publicada em 1935, na revista francesa Photographie. No ano seguinte, seguiu para Paris, onde iniciou a sua carreira profissional. Lá, foi apresentado à Vogue por Cecil Beaton, e obteve um contrato de trabalho. Ao término deste, viajou para os Estados Unidos e iniciou colaboração com a Harper’s Bazaar. Na volta a Paris, o alemão encontrou a cidade em plena guerra mundial. Preocupado em salvar sua obra, foi ao estúdio, empacotou tudo e deixou sob a guarda de uma modelo que teve a sorte de reencontrar. Em troca do seu gramofone e de todos os seus discos, a moça manteve seu trabalho em segurança.

Ele não teve, a princípio, a mesma sorte. Foi confinado, junto com a família, em diversos campos de concentração (Erwin tinha origem judia). Porém, foram libertados e, com a ajuda de um passe de imprensa – e a sorte de ter encontrado uma conhecida na embaixada norte-americana – conseguiu viajar de volta aos Estados Unidos.

A salvo nos Estados Unidos, Erwin Blumenfeld reatou seu trabalho na Harper’s Bazaar e iniciou parceria com a Vogue norte-americana. A partir daí, ele se tornou um dos fotógrafos mais bem pagos da história da moda. E é nesse período (1941-1960) que se concentra a exposição em Londres, que apresenta imagens feitas em seu estúdio no Central Park, local onde retratou as principais modelos e personalidades da época – sem nunca deixar de lado o experimentalismo, a principal marca do seu trabalho.

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