Assim como ocorre com as artes plásticas, a fotografia também viveu a transição para o abstrato. Ela parte do “pictorialismo” do final do século XIX e começo do século XX, para o abstrato de Man Ray (1980 – 1976), Paul Strand (1890 – 1976), Rodchenko (1891 – 1956), Stieglitz (1864 – 1946), LázloMoholy-Nagy- acompanhada no Brasil por Geraldo de Barros (1923 – 1998). Mais recentemente fotógrafos da importância de Wolfgang Tillmans e Thomas Ruff utilizam-se dessa mesma linguagem. E é exatamente na fotografia abstrata que o fotógrafo Antonio Florence se arrisca em uma obra de contemplação.
No próximo dia 10 de novembro, a partir das 19h30, Antonio Florence recebe convidados na DOC Galeria, Rua Aspicuelta, 145 – Alto de Pinheiros, São Paulo/SP, para a noite de autógrafos, no lançamento de sua coleção reunida em “Intervalos Acidentais”. A obra é organizada por Eder Chiodetto e editado pela Fotô Editorial. As fotos integrantes do livro ficam expostas na 8ª Mostra SP de Fotografia.
Antonio é tetraneto de Hercule Florence (1804 -1879), um dos cinco inventores oficiais da fotografia, que conseguiu de forma isolada no Brasil captar os raios luminosos numa superfície de prata e fixá-la. O trabalho como fotógrafo contemporâneo Antonio Florence instiga, mais de 180 anos depois, por justamente enclausurar porções de luz em suas composições fotográficas abstratas.
“Em um mundo inundado de publicidade dominado pela mídia, a recusa em oferecer uma imagem imediatamente reconhecível – uma imagem aparentemente sem sujeito – é um gesto político”
De acordo com Eder Chiodetto, curador e editor, Intervalos Acidentais é essencialmente um livro de contemplação. “Renunciando às decifrações dos enigmas da astrofísica, o fotógrafo opta por colecionar e encapsular em sua câmera o brilho das estrelas, os arroubos da lua cheia, a contundência dos raios solares e também o enlevo das luzes artificiais, que os homens constroem acreditando no poder de criação de sua própria Via Láctea“, afirma o organizador.
Fonte: Fernanda Pereira