Roberto Seba, turista profissional

Poucas coisas na vida são mais empolgantes que planejar uma sonhada viagem. A perspectiva de, enfim, visitar aquele país exótico ou desembarcar nalgum destino famoso, de afivelar as malas ou sentir o peso reconfortante da mochila, quem não suspira por isso? E o retorno ainda reserva o prazer de mostrar aos amigos um laptop entupido de fotos da viagem – experiência que será  igualmente interessante para os amigos na medida em que houver boas fotos para olhar.

Mas, quando fazer turismo é parte do trabalho e fotografar uma obrigação? “Existe um grande abismo de diferenças entre uma viagem a trabalho e uma viagem de férias”, explica Roberto Seba, fotógrafo cujas fotos se pode ver nas revistas Lonely Planet e Gol, além de ele já ter trabalhado para Próxima Viagem e Top Destinos.

“Na viagem a trabalho”, continua Seba, “você tem um objetivo claro e um tempo específico. Nem sempre você pode retornar no mesmo local, porque você geralmente segue um cronograma com o repórter. Às vezes você tem uma belíssima paisagem à sua frente, mas no dia em que precisava fotografar, uma névoa cobre completamente o cenário. Quando você está de férias, você se permite uma flexibilidade muito maior de horários e prazos”, exemplifica.

Roberto tem 30 anos e nasceu em Vitória (ES). Mora em São Paulo há seis anos e fotografa há uns sete. “Desde a faculdade (me formei em publicidade) sempre trabalhei com imagens. Já fui diretor de arte em agência de publicidade, já trabalhei em produtoras de vídeo para publicidade e depois resolvi me dedicar à fotografia”, resume sua trajetória.

Acrescente-se a isso o gosto – comum a qualquer mortal – de viajar. Foi com um portfolio azeitado com imagens de um passeio pela Europa e outros três meses passados em Angola que Roberto conduziu o seu barco em direção às editorias de viagem.

“O mercado de fotografias de viagens é bem pequeno. Com exceção de livros que você pode publicar, se resume basicamente a banco de imagens, revistas e jornais. Porém, infelizmente hoje grande parte das revistas, por questões de custo, acabam utilizando fotos de divulgação na maioria das pautas de viagens. São poucas as revistas que realmente investem em ter uma matéria com um visual diferente e único”, diz Roberto, que mantém as contas em dia fazendo também fotos de gastronomia.

Quando se trata, não de pautas, mas de puro e simples turismo, o especialista sugere que se desencane no que se refere a equipamentos. O que não dá para prescindir nessa hora, óbvio, é de uma câmera. E qualquer uma serve: “Cada vez mais eu vejo turistas carregando câmeras DSLR e uma série de lentes gigantes. Honestamente, com as tecnologias atuais, acho um absurdo esse trabalho todo para um turista que deveria estar mais preocupado em curtir a viagem. Minha sugestão é: compre uma câmera boa, mas pequena. Ela vai te deixar muito mais ágil e te permitir muito mais flexibilidade”.

Se a viagem for a trabalho, o especialista reserva outra dica: mantenha o foco. “O importante é estar aberto às interações que o ambiente te proporciona, mas também manter-se focado na mensagem que quer transmitir. Outro ponto bastante importante é saber respeitar a cultura e costumes do local”, aconselha.

Andar por lugares desconhecidos carregando equipamento fotográfico caro pode render dores de cabeça, mas Roberto Seba jamais teve qualquer dissabor. O “treinamento” ao qual o brasileiro é submetido nas grandes cidades, ele acredita, é suficiente para nos deixar descolados com relação à segurança. “Eu não ando o dia todo com a câmera pendurada no pescoço. Gosto de observar as coisas primeiro. Olho os lugares e pessoas, e então tomo uma decisão consciente de fotografar. Às vezes vejo uma pessoa interessante vindo bem de longe e então me posiciono e espero o momento acontecer”, conclui.