O teleconverter: aprenda a usar em sua câmera fotográfica

O fotógrafo, mesmo que não admita, está sempre em busca de algo novo, capaz de melhorar suas imagens, mas geralmente, e principalmente em época de crise, se vê impossibilitado pelo custo do equipamento. Só que, às vezes, olhando em volta ele descobre coisas que podem substituir aquela teleobjetiva tão sonhada, por um preço bem mais acessível. Um exemplo? O teleconverter!

Também conhecido como “conversor”, embora não seja dos mais populares entre nós, ele é bastante adotado em outros países como um acessório ótico que, conectado entre a objetiva e a câmera, aumenta significativamente o comprimento focal da objetiva.

O desenho mostra um conjunto típico: a objetiva (1), o conversor (2) e a câmera (3). Destaque para o jogo de lentes no conversor, responsáveis pelo seu fator de ampliação | Arte: Sigma

Geralmente é pequeno e não altera muito o tamanho e o peso do equipamento, formando por vezes um conjunto bem mais compacto e leve do que uma teleobjetiva. Além disso, há o preço, bem mais baixo e convidativo…

As versões 1,4X e 2X são as mais comuns. O modelo 1.7X tende a ser descontinuado | Foto Fujifilm

Os teleconverters podem ser encontrados em 2 opções: mecânicos e eletrônicos. Os primeiros fazem a junção da câmera com a objetiva e trabalham apenas a parte ótica. Com eles você perde todas as funções normais da máquina e vai ter que operar no modo manual. Já os eletrônicos mantem todo o menu operacional, embora a focalização automática do conjunto não seja, por vezes, tão precisa quanto a manual. Mesmo assim, por serem automáticos, são mais caros.

Com relação à capacidade de ampliação temos 3 modelos:  1,4X, 1,7X e 2X. Com isso um tele converter com fator 1,4X aumenta a imagem em 40%, o fator 1,7X produz um aumento de 70% e a marca 2X define uma ampliação de 100%.

As versões 1.4 X e a 2X são as preferidas, e como a diferença entre um conversor 1.4X e 1.7X é mínima, assim como este último ele e o modelo 2X não chega a ser vantajosa – a tendência é descontinuá-lo e já é difícil encontrá-lo nas lojas.

Embora possam variar de tamanho os teleconverters são pequenos, se comparados às objetivas trabalhadas | Foto B&H

Considerando que o teleconverter vai adicionar uma série de lentes à objetiva, é inevitável uma perda de luminosidade no estágio final da imagem, no sensor. Vamos então escolher uma objetiva, qualquer, e fazê-la trabalhar com os três modelos de conversores, para que se possa sentir as alterações focais e as perdas óticas. No nosso exemplo a escolhida foi uma 300mm, f/2.8. Vamos lá?

–  com conversor 1.4X (300X1.4 = objetiva de 420mm, f/4, com perda de 1 stop);

–  com conversor 1.7X (300X1.7= objetiva de 510mm, f/4,5, com perda de 1,5 stop);

–  com conversor   2X (300X2 = objetiva   de 600mm, f/5.6, com perda de 2 stops).

Mesmo com as críticas que possam ser feitas, é preciso que se entenda que o conversor apenas complementa o desempenho de uma objetiva, tornando-o mais amplo, mas jamais a substituindo. Todavia, mesmo com um ou outro reparo, ele é muito popular no exterior, o que demonstra que possui mais qualidades do que defeitos. Com isso temos:

A favor: menor tamanho, peso e custo. A distância mínima de foco continua a mesma, o que torna o conjunto ideal para closes, com lentes curtas como uma 50mm, além de abrir um leque de opções para outras objetivas, mesmo as mais longas.  Assim, caso você tenha uma 50, uma 80 e uma 100mm, um teleconverter 2X vai transformá-las em uma 100, uma 160 e uma 200mm. Em termos de custo os de fator 1,4X, os mais baratos, se situam numa faixa entre $110 e $180,00.

À proporção que os fatores de ampliação vão crescendo, os preços também os acompanham chegando aos $200,00 em média para os conversores 1,7X e $230,00 para os de 2X. Todos os fabricantes incluem conversores em suas linhas de produtos, embora os mais procurados entre as marcas independentes sejam os da Tanron, Kenko e Sigma.

Saiba, contudo, que há casos em que o teleconverter ainda que aparente seja compatível com a objetiva, acaba não definindo uma imagem aceitável, já que há a necessidade de uma harmonização ótica entre as lentes para que o resultado seja compensador.

Foto da marquise do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Apesar da pouca luz, uma objetiva 50mm e um telecoverter 2X deram conta do recado | Foto: José Américo Mendes

Esse é um dos motivos pelos quais é aconselhável que o conversor seja da mesma marca da objetiva, mesmo assim, por vezes, ele não funciona de maneira ideal ao ser acoplado a um kit de objetivas, pelo grande número de lentes que trabalham já no limite ótico. Isso porém não forma uma regra, pois há conjuntos mais tolerantes do que outros. E vale experimentar, mesmo porque o teleconverter é um acessório importante se utilizado corretamente. Outra incompatibilidade, desta vez total, é com as grande angulares, e não adianta tentar discutir a relação…

Uma objetiva 600mm, com um conversor 2X, formam um conjunto de respeito com 1200mm | Foto: Canon

De outro lado, uma particularidade responsável por sua popularidade é que seu melhor desempenho se dá ao ser usado com uma objetiva fixa, com a qual se revela muito superior àquele alcançado com uma zoom, já que a ótica de uma objetiva fixa é bem mais simples, o que minimiza bastante uma possível degradação de imagem e torna seu uso mais prático, por não exigir nada sofisticado.

Um conversor permite boas fotos, mesmo com tempo encoberto. Foto feita com uma 50mm, com um conversor 2X. O musgo da foto não tinha mais do que 10cm! | Foto: José Américo Mendes

Contra: apesar das vantagens do tamanho reduzido, do baixo preço e da praticidade no uso, há quem critique a qualidade das imagens produzidas, alegando que o teleconverter não substitui uma teleobjetiva (e nem é essa a pretensão do acessório…). Também não é nenhuma surpresa que a adição de mais lentes, à objetiva vá provocar uma perda na luminosidade da imagem, já que é algo a mais a ser atravessado pela luz, mas também não é nada aterrorizante. Como já vimos, o modelo 1.4X reduz a abertura em 1 stop, enquanto o modelo 2X chega a 2 stops e isso, muito embora influencie a velocidade do disparo e a profundidade de campo, pode ser perfeitamente compensado. A prova disso é que há ótimas fotos feitas com teleconverters.

No uso habitual, uma boa medida é adotar, preferencialmente, o foco manual, considerando sempre que com o aumento da aproximação diminui a área de foco, que vai ficando mais fechada no objeto que se quer fotografar. Aliás, temos notado que o foco manual (MF) vem se tornando uma constante não só entre os profissionais, mas também entre amadores, já que depende apenas da acuidade visual do fotógrafo, o qual fica à salvo das possíveis variações da parte eletrônica.

Todo aquele pacote de procedimentos clássicos, como uso de um tripé e disparos com o temporizador da câmera, ou por via remota, podem ser deixados para situações extremas, como um entardecer com luz muito baixa, em dias muito nublados, ou com o uso de filtros pesados como um DN. Em condições normais de luz, o acessório não traz nenhuma dificuldade para que as fotos sejam tomadas com a câmera na mão, desde que sejam usadas objetivas leves. Trabalhe, enquanto puder, com um ISO baixo e se tiver que aumenta-lo não exagere, para evitar o ruído analógico.

Nos conjuntos leves, as objetivas curtas e médias podem ser sustentadas na mão, sem o uso de tripés | Foto: José Américo Mendes

Há também um aspecto muito importante na aceitação dos teleconverters, que só reforça a afirmação de que eles não substituem a objetiva, mas a complementam: não há limites para o seu acoplamento a outras objetivas. Mesmo que o fotógrafo disponha de um “canhão” de 400mm, um ou mais conversores poderão ser acoplados a ele, transformando-o numa “super tele”, cabendo ao interessado equilibrar a parte ótica para alcançar o resultado pretendido.

Há quem trabalhe com dois conversores, na busca de hiper tele, mas esses conjuntos nem sempre funcionam… | Foto: Canon

Ainda existe, todavia, a ideia de que o uso do teleconverter induz o fotógrafo a dedicar-se às fotos de vida selvagem, como único caminho possível e com especial destaque para as aves. Gente! Isso é apenas um nicho, em um universo das mais variadas opções como paisagens diurnas, noturnas, retratos, fotos de arquitetura, marinhas, detalhes, etc. Isso quer dizer que tudo, absolutamente tudo, pode ser fotografado com o auxílio de um conversor e que o limite é a criatividade do fotógrafo, passando pela escolha correta da objetiva.

Os conversores produzem boas fotos noturnas, como esta na qual foi usada uma objetiva 35mm e um conversor 2X | Foto: José Américo Mendes

Mas ainda assim, todavia, caso tenha escolhido ser um fotógrafo da natureza é bom pensar nos custos: uma das objetivas mais baratas e populares é a Nikkor 70-300 VR, por $550,00. A Canon também oferece uma objetiva na mesma faixa, por $650,00, e depois temos a nova Nikon 80-400 a $2.700,00. Outra objetiva bastante usada é a Canon 100-400, a $1.500,00 e então… Os preços disparam com a Canon 300, f/2.8, (a nossa escolhida lá atrás, lembra?) por $4.500,00, com os preços ganhando os céus, até a Nikon 600, f/4 por $10.000,00.

Mas, se vai mesmo correr atrás dos bichos, a coisa não fica só no campo das objetivas – vai ser necessária uma câmera que aguente o tranco, em geral full frame, e um tripé parrudo com cabeça hidráulica, de preferência uma Wimberley (mais $1.500,00), para que receba bem as objetivas, que pesam em média mais de 3kg e, quem sabe, um ou dois teleconverters. Se há opções mais baratas? Claro que há. Tudo é uma questão do que você pretende fazer: se apenas boas fotos, sem compromisso profissional, apenas como hobby, elas podem ser feitas com equipamentos mais leves e bem mais em conta.

Bem, uma coisa puxa outra, e já que falamos na natureza, vale um papo meio Zen: nos últimos anos o mundo passa por uma fase de conscientização ambientalista. O ser humano entendeu finalmente que precisa cuidar desta imensa nave que é a Terra, antes que ele acabe com ela.

Foto feita com objetiva 200mm e um conversor 2X | Foto: Cléo Silveira

Com isso, entre os numerosos grupos ligados à preservação dos sistemas, os fotógrafos e videomakers assumiram um papel importante, pelo menos para mostrar às futuras gerações o que existia nas florestas, quando as florestas existiam…

A compatibilidade entre a objetiva e o conversor produz boas fotos, mesmo em contraluz! | Foto: José Américo Mendes

No Brasil, mesmo com os crimes cometidos na Amazônia, com a conivência deslavada do governo, ambientalistas se reúnem para filmar e fotografar os animais que vivem não só nas florestas, mas também nos parques nacionais e até mesmo nas cidades, como é o caso do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que recebe não só os amantes da macro fotografia, mas também aqueles que registram as aves, plantas e roedores, pelas trilhas do Parque Nacional da Tijuca.

Nas exposições feitas na sede da Administração do Parque há ótimas imagens dos habitantes dessas ilhas verdes, cada vez mais cercadas de concreto, e em muitas das fotos os registros mostram que foram usados os controvertidos teleconverters…

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