Como aplicar o minimalismo na composição de sua fotografia e atingir o impacto visual

Esse texto faz parte do meu livro “A arte da composição – Volume 2” e acredito que vai ajudar você a melhorar a composição de suas fotos. O minimalismo surgiu no final da década de 60, em Nova York (EUA). Primeiramente apareceu nas artes plásticas e posteriormente irradiou-se para a música, arquitetura, escultura, design e fotografia. O minimalismo, nas artes visuais, utiliza figuras geométricas simples, adotando um reducionismo na representação das formas, eliminando toda referência exterior. Ou seja, a obra minimalista não possui ligação com o mundo, exigindo um esforço intelectual do observador para a sua assimilação. O minimalismo procura atingir um máximo de impacto com o mínimo de meios.

O conceito de minimalismo também pode ser empregado para ilustrar cenas de um casamento. É o caso dessa foto de autoria do fotógrafo Adriano Gonçalves. 

Na música, utiliza poucas notas musicais e a repetição. Exemplo dessa corrente musical encontramos na música do norte-americano Philip Glass. A arquitetura moderna também inspirou-se no minimalismo. Formas retangulares de concreto armado aparente e poucos materiais de acabamento. Exemplo dessa arquitetura vemos em São Paulo, na Avenida Jardim Europa. Trata-se do Museu Brasileiro da Escultura (MUBE). Essa obra foi projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. A engenharia estrutural não ficou atrás. A filosofia é transmitir as cargas para a fundação na forma mais simples e clara possível.

Essa foto foi realizada na Serra da Canastra, Minas Gerais. Usando lente macro de 60mm, fotometrei no encontro das nuvens com o céu. Com isso a árvore ficou bastante escurecida. A foto resultante ficou com três tons: cinza, branco e preto. Ou seja, poucos elementos e poucos tons de cinza.

O minimalismo permeia o design até os dias de hoje. A peça deve ser funcional e extremamente simples. Na fotografia, o minimalismo não tardou a aparecer. No final da década de 60, preconizava-se o foco num só elemento. A figura principal da fotografia deveria estar isolada do seu contexto, ou ainda ser o único elemento da foto. Nesse caso utiliza-se do conceito de foco seletivo. Ao adotarmos uma grande abertura da lente, por exemplo, f/1.4, f/1.2 ou f/1.8, teremos o fundo da foto totalmente desfocado atrás do elemento principal. Para esse fim, as teleobjetivas são as preferidas, pois possuem profundidade de campo menor do que as lentes grandes-angulares.

Para a arte minimalista, menos significa mais. Quando comecei a fotografar, ouvi diversas vezes que tinha sido “muito guloso”, inserindo demasiados elementos na foto.


Esse eventual comentário é facilmente eliminado com a técnica do foco seletivo. Se observarmos as fotos publicitárias de produtos, ou até mesmo retratos de modelos, veremos um fundo neutro chamado de fundo infinito, que aparece desfocado. As fotos de joias, por exemplo, são realizadas com lentes macro. Normalmente, o foco é direcionado para uma das peças, deixando as demais fora de foco, apenas contextualizando a cena. Atualmente, as cenas de casamento são obtidas sem flash, utilizando–se uma lente 50mm fixa, bastante luminosa em f/1.4 ou f/1.8, empregando-se o conceito de foco seletivo. Veja acima e abaixo, alguns exemplos de fotos minimalistas. 


Num voo internacional, captei a imagem de um passageiro cochilando e usando a mão para apoiar a cabeça. Usei uma lente 35mm.

Fiz essa foto na Avenida Diagonal, Barcelona, Espanha. Chamou-me a atenção o ritmo
e o contraponto gerado pela faixa amarela. Lente 35mm.

Esse texto faz parte do livro “A arte da composição – Volume 2”, de Ernesto Tarnoczy Junior e está à venda na loja da iPhoto Editora: www.iphotostore.com.br.

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