Dia do casamento, compromisso irrevogável

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Fotos do evento no qual um enlutado Rodrigo trabalhou: “Não poderia fazer isso com os noivos”

O fotógrafo social de Rio do Sul (SC) Rodrigo Cedric publicou recentemente, em sua conta no Facebook, um desabafo. No espaço onde normalmente insere fotos de seus trabalhos e comenta amenidades, o catarinense relatou um caso que demonstra como são irrevogáveis os compromissos assumidos por um fotógrafo social.

Três semanas atrás, na sexta-feira à noite, o avô do fotógrafo morreu. Como tinha compromisso marcado para o dia seguinte (casamento a cobrir), Rodrigo não pôde comparecer ao velório e nem ao enterro do pai de seu pai, de quem era muito próximo. Ao chegar em casa após realizar o trabalho, na madrugada de domingo, Cedric escreveu um texto emocional a respeito do que viveu.

“Como é difícil para uma pessoa que a vida inteira se prepara para capturar os sentimentos alheios, precisar esconder o seus!”, começou Rodrigo a mensagem. “Chego em casa exausto fisicamente como sempre, mas desta vez mentalmente arrasado, agora posso sentir a perda, posso ficar comigo mesmo e ver o vazio que me foi deixado. Dei o meu máximo hoje, o casamento foi lindo, foi de arrepiar e estou muito satisfeito com o resultado que obtive, e acredito que poucas vezes as pessoas me viram sorrir tanto (…) foi um dos eventos que mais gostei de fotografar até hoje, sério, mas o mais difícil também (…) eu não pude me despedir do meu avô hoje (…) mas nunca conseguiria deixar os meus noivos desamparados por qualquer que fosse o motivo”.

Rodrigo termina sua mensagem alertando aos aspirantes a fotógrafo social que “fotógrafo não pode pegar atestado”, precisa comparecer ao evento não importa a circunstância e garantir que os clientes fiquem satisfeitos com o resultado. Segundo contou depois, ele não cogitou indicar outro profissional, mesmo que de sua confiança: “Eu não conseguiria fazer isso com os noivos”, afirma.

Portanto, é uma condição que deixa pouca opção ao profissional. “Ossos do ofício”, diria Rodrigo que, entretanto, não reclama, apenas escreveu um depoimento no calor da hora e que, espera, possa alertar aos outros sobre as obrigações envolvidas nesse ramo de atividade que lida com expectativas e sonhos.

“Muitas vezes não nos damos conta do tamanho de nossa responsabilidade e que muitas vezes precisamos deixar tudo de lado por conta da nossa profissão”, conclui o fotógrafo que, a seu modo e a distância, homenageou o avô fazendo uma imagem no  evento da pequena câmera Hit que foi dele e que havia recebido de presente alguns meses atrás: “Ele contou que comprou de um amigo da faculdade. No momento que ele viu a câmera, ofereceu uma grana para o cara e a levou para casa (ela devia estar com ele uns 60 anos, imagino, ou mais). Lembrei do quanto ele era ligado à tecnologia e que, querendo ou não, influenciou meu pai, que por ventura me influenciou também”, observou o reconhecido fotógrafo.

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Homenagem ao avô: a velha Hit que pertenceu a ele
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O fotógrafo acredita que seu estado de ânimo influenciou no clima “melancólico” das imagens

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