A criatividade que nos habita – Percepção e desenvolvimento

Um livro premiado, um quadro famoso, uma foto de tirar o fôlego, um personagem tão bem interpretado que rendeu o Oscar. O mundo está repleto de exemplos de grandes artistas, compositores, escritores que fizeram de seu trabalho a arte e da arte sua vida e sustento. E assim muitos pensam “quando chegará a minha vez?”. Encontramos mil motivos para explicar o sucesso daquele trabalho específico “Aquele ator estudou anos na melhor escola de teatro”, “Os pais o incentivaram desde pequeno”, “Ele teve um bom financiamento” ou “Ele é muito criativo, fora do normal”.

Artistas vivem o mundo de forma diferente, enxergam sombras, formatos, histórias onde poucos enxergam. Mas de onde vem a criatividade? Será que eles são mais criativos do que nós?

O estudo com certeza é o ponto chave de virada de cada artista. Mas o estudo em todos os seus sentido, não apenas o teórico, aquele em que todos os conceitos são decorados e não aprendidos. Estudo também é ler uma fotografia, mesmo que seja no Instagram, entender a alma daquela imagem, pintura, poema. Estudo é conectar-se com o assunto de forma sincera, pessoal, amorosa e ao mesmo tempo indagativa. Por que Mona Lisa foi feita dessa forma? Quando foi que Cartier-Bresson teve essa ideia de momento decisivo? Isso faz sentido? E se Mondrian tivesse ignorado as cores primárias?

Artistas contemplam o mundo e o indagam ao mesmo tempo, e isso não os faz mais especiais, importantes e criativos. Existe muita arte considerada boa, hype, excêntrica que para uma boa parte da população aquilo não faz o menor sentido, e mesmo assim não perde sua essência e seu título. Quantas vezes você já não foi a uma exposição e saiu entendendo nada? E tudo bem nada fazer sentido, porque é nesse momento que você buscará respostas.

Para treinar a sua criatividade é preciso ver o mundo com curiosidade, buscar na nossa criança interior o olhar de como se tudo fosse a primeira vez. Ressignificar objetos e conceitos, por mais bobo que seja, mas trazer a tona aquela energia criativa que tínhamos como quando crianças. Depois analise com olhos meticulosos de um adulto os detalhes, texturas, identificando o que não faz sentido naquela cena, naquele local. O que precisa ser alterado? Com o que você completaria aquela cena?

Analise os ângulos, imagine uma cena. O que você precisa para que ela aconteça? Qual será o seu momento decisivo? E se você mudar de posição, ou incrementar com algo a mais? Quando o artista tem domínio sobre a cena a transformação é livre, assim como a sua criatividade, é o momento de testes imaginários e físicos. Metamorfosear a própria arte, a própria fotografia e a própria essência.

A criatividade é um grande exercício e tudo é possível de aprendizado, portanto não desacredite no seu potencial e não se meça com a régua dos outros, cada um no seu tempo e no seu espaço de criação fazendo o possível e impossível com o que está ao alcance. Criatividade é uma jornada visual, teórica e sentimental, ela nunca estará limitada para aqueles que estiverem abertos a observar e aprender.

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