Cortar: um caminho para uma foto melhor
O corte é uma técnica que existe desde o início da fotografia e sobreviveu até os dias de hoje graças à liberdade de criação que proporciona. É usado quase sempre no fotojornalismo, mesmo porque o repórter fotográfico às vezes não tem tempo a perder com enquadramentos. Ele precisa fixar o momento, o fato, e assim vale apenas a nitidez, cabendo ao editor de fotografia, na Redação, chamar a atenção do leitor para aquele ato, ou fato, que vai complementar a notícia. É aí que entra o corte, extirpando tudo que é secundário na imagem…
Mas mesmo na fotografia artística e comercial o corte é bem chegado. Alguns fotógrafos usam-no o tempo todo, para melhorar a composição e o equilíbrio de suas imagens, enquanto outros só recorrem a ele em último caso. Qualquer que seja a opção, o corte deve ser encarado como mais uma técnica criativa.
Mesmo que alguns fotógrafos sejam contra esse expediente achando que o correto seria cortar o menos possível, buscando uma imagem ideal, isso não tem muito sentido porque o profissional precavido tem sempre uma cópia em seu banco de imagens. E se na verdade você está tentando melhorar a composição e tornar a foto mais agradável à vista, não há porque se preocupar. Afinal, aquela foto 100% perfeita no visor, é rara quando vista na tela de LCD, demanda tempo, prática, um monte de disparos e, acima de tudo, sorte…
Uma Imagem Com Múltiplas Opções
Vamos considerar, por exemplo, que sua foto foi bem-sucedida e a composição está correta, mas você sentiu, quando a fez, que ela poderia ser melhorada em termos de enquadramento. O jeito é fazer outra. E se não der? Enquanto fazia outras tomadas a ideia da repetição não o deixava e quando decidiu refazê-la já não tinha tanta luz e não deu para repeti-la. A saída é apelar para uma edição sem que seja no Photoshop para não correr o risco de transformar aquela cena quase ideal num delírio caótico de cores.
Assim, busque algo simples: busque o corte! De forma geral uma imagem aceita três tipos de cortes: o primeiro seria no formato “retrato”, dando à foto um sentido vertical, como na foto em que temos um pequeno pote de cebolinhas, com um garfo branco apoiado, tendo ao lado um tablete de conhecida marca de queijo. Esse corte criou uma imagem nova e mais interessante do que se ela estivesse aberta, mesmo porque seu destino era um livro de receitas em que os textos viriam sempre à esquerda.
A segunda opção seria no formato “panorâmico”, desde que haja um elemento longo, como uma praia, um píer, uma ponte, ou um horizonte, como na foto de abertura em que temos ao fundo um cargueiro. Um corte na parte superior e inferior tornando o formato bem retangular destaca bastante o objeto central, no caso o navio. A terceira escolha é a mesma imagem cortada para o quadrado.
Se você não tem muita prática, trabalhe com as máscaras. Elas são tiras de papel, ou cartolina, em geral com 5cm de largura, com as quais você busca um melhor formato para suas fotos trabalhando sobre cópias impressas. As fotos mostram bem um enquadramento panorâmico e um quadrado, que podem ser adotados, ou não. Se está na rua use um visor: em um cartão resistente corte um retângulo de 15X10cm e risque outro retângulo interno 3cm menor do que o externo. Com isso você terá uma moldura com um espaço vasado de 12X7cm. Feche um olho e olhe através dele para achar o melhor enquadramento.
Vale dizer que a Regra dos Terços, os conceitos de formas e outros princípios considerados básicos na estética das fotos nem sempre são levados em conta quando se fala em cortes. Mesmo assim considere-os sempre que possível: se você fotografou algum objeto em movimento, dê um pouco de espaço na direção que ele vai percorrer… Há casos em que você sente que um corte iria bem na foto, mesmo antes dela ser feita e cabe então um procedimento simples, que pode ser usado para que o objeto esteja sempre no lugar certo: componha com ele na área central da foto, seja na horizontal, ou na vertical, como no caso da cachoeira, que depois de feita a tomada na horizontal, foi transformada numa vertical, graças ao corte…
Outro macete é: faça, a foto com o objeto ocupando toda a imagem. Isso definirá o formato da foto e mesmo que o objeto esteja na horizontal ela poderá ser feita com a câmera na vertical já visando o corte para o quadrado, ou adotando um corte mais vertical para uma harmonização com o objeto, como no conjunto garrafa de vinho e copo, em uma mureta à beira mar.
Há câmeras que possuem programas de edição básica, que você pode incorporar ao seu micro, como o Play Memories Home, da Sony, (ótimo, diga-se de passagem) ou mesmo através de seu scanner.
Tenha sempre em mente as opções de corte e você jamais fará uma foto mal enquadrada. Compenetre-se, seja amador, ou profissional, que o corte de uma imagem não é nenhum pecado, embora haja casos nos quais quem define o formato da imagem não seja o fotógrafo, mas o destino que será dado a ela (leia-se: cliente). Uma foto comercial muitas vezes obriga o deslocamento do objeto para a direita, já que em publicidade o texto deve ficar à esquerda, ou buscar um enquadramento como nesta foto de um amanhecer na Urca (RJ) , deixando espaço para a “chamada”, um texto horizontal curto, que virá em cima, em geral introdutório para um texto mais longo na página, em baixo… Nestas e em diversas outras hipóteses o enquadramento e o corte passam a ser definidos pela função dada à imagem. E viva o corte!
Dentro do quadro na imagem… as vezes os elementos não são únicos, na época que eu revelava foto no manual já usava essa técnica de recorte pra fazer uma foto panorâmica. Fotografava com filme iso 100 com uma luz boa para não perder qualidade nas imagens, e no laboratório fazia o recorte. Em alguns casos acho valido
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