Nosso cérebro faz leituras inconscientes e muitas vezes não sabemos identificar e racionalizar o motivo pelo qual gostamos ou não de uma imagem; simplesmente a sentimos.
Quando fotografamos, fazemos escolhas o tempo todo e alteramos tudo profundamente de acordo com o nosso ponto de vista.
Isso começa quando escolhemos nos posicionar em relação ao assunto um pouco mais para a esquerda ou para a direita, para o alto ou para baixo. Quando decidimos se a imagem será horizontal ou vertical. Quando equilibramos e organizamos os elementos na fotografia. Quando usamos a regra dos terços, dividindo o quadro em três partes, tanto na vertical como na horizontal, sabendo que as intersecções das linhas criam quatro pontos áureos e, ao posicionarmos o centro de interesse nesses pontos, damos força e beleza à imagem.
Cada linha que se forma a partir dos pontos áureos passa informações inconscientes e desperta sentimentos como, por exemplo: as linhas que remetem a triângulos ou diagonais sugerem movimento e ação, as que remetem a curvas em “C” sugerem carinho, linhas horizontais indicam serenidade e as verticais sugerem força.
As cores também possuem peso e estruturam a imagem. Controlamos a iluminação através da fotometria correta e esse procedimento nos dá total qualidade, personalidade e estilo à imagem. Definimos a natureza, intensidade e direção da luz e essas escolhas são extremamente pessoais. É necessário ter a consciência de que qualquer movimento pode alterar profundamente o resultado final.
Todos esses detalhes fazem parte da criação e composição da imagem e as escolhas acompanham a identidade pessoal de cada fotógrafo, mas existe a técnica, assim como as regras que foram criadas para facilitar a comunicação e embelezar a imagem.
No livro de Pierre Assouline, O olhar do século, Cartier-Bresson diz: “Se quiser pintar com a alma, precisa se desvincular, esquecer tudo e deixar que tudo ressurja por si só, espontaneamente. Alcançar o estado de graça que reúna ordem, equilíbrio, harmonia, métrica e outras virtudes clássicas”.