Como transformar um lugar comum em uma foto incrível?

O fotógrafo Ansel Adams disse certa vez: “Um fotógrafo não faz uma fotografia apenas com sua câmera”. Eu tento me lembrar disso todos os dias e experimento – em viagens e outros momentos – dar uma volta e não levar minha câmera. Eu sei que o lifestyle, as pessoas, o cheiro e o movimento do momento irão me inspirar de alguma forma nas minhas próximas fotografias naquele mesmo local. A grande diferença está no olhar apurado do fotógrafo; veja ao longo da matéria exercícios práticos que comparam como um lugar comum pode se transformar em um belo cenário desde que haja uma boa direção de cena e uma atenção apurada para o olhar diferenciado.

Eu vejo muitos fotógrafos que chegam nas práticas fotográficas que eu organizo disparando o dedo no obturador feito loucos e esquecem primeiro de olhar o local, olhar a cena, olhar a modelo e tentar extrair a alma do momento. Para estes e tantos outros fotógrafos afoitos pelo primeiro clique, minha sugestão é: antes de focar sua câmera, foque seu olhar no cenário, na modelo, na cena e na proposta do ensaio. Apenas pare e observe os detalhes. Isso vai ajudar muito, até na direção da modelo.

O mundo fotográfico hoje é tão técnico, tão cheio de regras, equipamentos, vinhetas, presets, HDR e pós-edição que os poucos fotógrafos em potencial viram apenas cópias uns dos outros. São maneirismos que alguns fotógrafos inventam, fazem palestras, lançam livros, dão workshops e enfiam na cabeça da população fotográfica como verdades absolutas. Eu desconfio muito desse tipo de fotografia. A técnica é necessária, estudar também, mas na hora em que a cena está pronta e a modelo olha para você esperando sua direção, não dá para ficar ajustando ISO, diafragma, velocidade, trocando lentes e fazendo cálculos de regras e pontos.

O que diferencia um fotógrafo de um amador não é o equipamento caro, mas sim como ele enxerga a mesma coisa que todo mundo vê, de uma forma diferenciada.

Para que o seu  olhar se torne a sua assinatura é preciso treino, cultura e emoção.  Na hora do clique, o fotógrafo precisa sentir, precisa olhar e é isso que vai definir o quão incrível vai ser aquele ensaio, aquela imagem. Olhar a cena exige uma conexão profunda entre o fotógrafo e o fotografado, é intenso, é quando você  busca o seu HD  mental as referências, os grandes mestres, os livros, as músicas, os amores e tenta buscar associações com o instante. É nesse momento que o fotógrafo pensa, repensa, experimenta, analisa e cria uma forma única de olhar.

Vanilson Coimbra organiza práticas fotográficas com modelos para ajudar fotógrafos de diferentes áreas a montar portfólio: www.officeimshoot.com.br