Após analisar os meus workshops, pude perceber que algo que sempre deixa os fotógrafos em dúvida é como dirigir, onde clicar e o que fazer com a modelo a ser fotografada.
Não tenho uma receita de bolo, mas costumo usar algumas técnicas que funcionam bem no meu dia a dia.
O briefing, que nada mais é que uma boa conversa, quando posso reunir informações relevantes para colocar minha criatividade em prática, é a parte mais importante da reunião, em que observo a pessoa, busco informações pessoais, no caso do sensual, falamos dos looks, das expectativas, desejos e até preferências do parceiro em relação a ela etc.
O fato de fotografar mulheres comuns na maioria das vezes limita um pouco a criatividade do fotógrafo, já que a pessoa vem muitas vezes com ideias preconcebidas e fotos prontas que algumas vezes nada têm a ver com a locação, biótipo e com a identidade do ensaio. A melhor forma de se sair bem nessa situação é a sutileza: faça o clique, argumente coisas que podem ser modificadas e procure acentuar o seu estilo. A foto de referência é muito bem-vinda, mesmo quando a cliente quer copiá-la – faço aquele clique, mas uso como ponto de partida para criar meios para desconstruir e construir novas formas ou situações.
Acho importante frisar o estilo e criar uma harmonia com o ambiente. Procuro fazer pesquisas e dar referências para minha cliente entender o que estou imaginando, peço que ela me mostre umas dez fotos de que gosta e com esse material consigo perceber qual característica estamos buscando e até mesmo se aquela pessoa vai me dar liberdade para criar. Em algum momento do ensaio, proponho um momento de licença poética e faço uma foto arte.
Fotografar gente te traz uma bagagem enorme das diferenças dos seres humanos. Cada um é um universo único e perceber determinados padrões na sociedade é muito interessante. É nesse momento que chamo a atenção dos meus alunos: olhar e ver são sinônimos? Olhar é algo sublime, que vai muito além do simples fato de ver. No mundo atual, as coisas passam a todo momento pelos nossos olhos e, na maioria das vezes, nem assimilamos.
Quando realmente olhamos, buscamos uma postura investigativa e devemos nos despir de todo preconceito, conceito, e estar abertos para perceber o que é imperceptível sem os olhos da alma. Aprenda a olhar tudo que vai fotografar!
Costumo valorizar muito a locação, gosto de escolher locais sofisticados para os ensaios sensuais, salvo quando a ideia é brincar com o “trash”. Assim, fui buscar os hotéis boutiques do Rio de Janeiro, fica com jeito de casa, mais chique e consigo fazer um estilo mais editorial. Com certeza, tendo um ambiente para interagir, tudo fica mais fácil, idealizar situações e, como sempre falo, “criar minhas estorinhas”. Não gosto de colocar a modelo posando, geralmente a estimulo a atuar, como falei em um outro post.
Quanto à produção, usamos muitas coisas da cliente, mas costumo levar 70% dos looks, e não uso somente lingerie nos ensaios sensuais. Observe como existe sensualidade em outras formas de produção, afinal, sensualidade é atitude, olhar e não precisa ser vulgar. Crie situações do cotidiano, brinque de voyeur, assim terá sua modelo mais à vontade e você conseguirá obter atitudes mais verdadeiras e espontâneas. Lembre-se: para tirar uma boa fotografia, em primeiro lugar é essencial sentir a emoção de viver e ter a criatividade de procurar todos os melhores recursos técnicos para poder registrá-la.
Chegamos a um ponto muito importante: a maquiagem. Você sabia que um maquiador pode te derrubar? O conhecimento nunca é demais, então sugiro que todos leiam um pouco de visagismo na maquiagem.
O visagismo consiste em avaliar a cliente de acordo com seus traços naturais, seu formato de rosto, seu tipo de cabelo, sua maneira de ser, sua profissão, uso ou não de óculos etc. Tudo isso tem que ser observado pelo profissional de beleza para que ele possa criar equilíbrio facial e os efeitos estéticos que a cliente deseja. O fotógrafo deve entender um pouco, pois assim ele poderá pedir e exigir o melhor visual.
Philip Hallawell é, aqui no Brasil, o principal representante do visagismo, e nos últimos anos tem trabalhado intensamente para difundir o conceito em todo o país. Seu site: www.visagismo.com.br.
Outro assunto muito relevante é o uso do Photoshop. Este virou a preocupação e foco das clientes. Não sou contra, apenas acho que deve ser usado com critério. Preocupe-se com as lentes, com os ângulos, a luz e, aí sim, sobrando alguma coisinha a ser melhorada, você utiliza o Photoshop, suavizando a pele sem deixá-la plastificada, sem propaganda enganosa. Mostre no visor para sua cliente fotos em que ela realmente está legal, isso estimula a autoconfiança e traz excelentes resultados no seu trabalho, muda o brilho no olhar.
Colocando em tópicos:
- Briefing
- Escolha da locação
- Maquiagem
- Produção
- Direção
No próximo post vamos continuar esse tema e falar um pouco de como cobrar os ensaios. Até breve!