Como retratar a alma

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Como retratar a alma de alguém com uma câmera digital, que codifica imagens de forma eletrônica e as armazena em cartões de memória? A câmera é somente algo que materializa a expressão do que somos, é algo que está em nossas mãos e à frente de nossos olhos.

A alma está aparentemente oculta aos olhos, que são a janela através da qual nos conectamos com a alma. Para retratá-la é preciso ter conexão, permissão e doação. Então, devemos aprender a nos conectar, a pedir permissão e a nos doar.

Fotografar a alma é ir além do que os olhos podem ver; é olhar com o coração, pois olhar é diferente de ver.

Ver é olhar sem interesse, sem necessariamente internalizar a existência do que se vê. Olhar é “colocar-se no lugar do outro”, é perceber, é manifestar interesse. Quando paramos para realmente olhar, precisamos nos despir de todo e qualquer preconceito. Devemos estar abertos ao que iremos presenciar, pois é através do olhar que percebemos o imperceptível e iniciamos a nossa conexão e sintonia entre o fotógrafo e o retratado, e é assim que a alma se expressa.

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Precisamos sair do casulo, abrir os olhos e olhar para a luz, pois os olhos são a maior forma de comunicação humana inconsciente, que se faz através das pupilas que se dilatam e se contraem conforme nossa atitude mudar de positiva para negativa e vice-versa.

A capacidade de interpretar a dilatação das pupilas está inscrita no cérebro e funciona de maneira totalmente automática. “São teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”, escreveu Lucas (11:34) o que ensinou Cristo.

Sem permissão ou consentimento não fotografamos a essência, teremos apenas a aparência. Obtemos a permissão no momento em que somos escolhidos para fotografar. Para ter a permissão das crianças, apenas um olhar com um sorriso ou um “posso fotografar você?” já é suficiente. Encontraremos fotografias com sentimentos através do consentimento.

Presentear, dar, brindar, oferecer, ofertar, esses são alguns dos sinônimos de doação e é preciso estar com a alma livre, simples, apenas por amor, espontaneamente.

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O segredo é encontrar alegria na alegria do outro, pois a alma se engrandece com as pequenas coisas. Deixo nesta coluna algumas fotos que alegraram minha alma, imagens de pessoas excepcionais e especiais, de alma simples, em mundos paralelos, mas únicos em cada um. Ouvi histórias, músicas ou nada ouvi, apenas senti, apenas olhei e fui olhada.

Doar o tempo e o nosso trabalho é também receber.

Estas imagens fazem parte de uma galeria de fotos da APAE de minha cidade natal, Rodeio Bonito (RS). Aproximadamente seis anos atrás iniciei e agora dou continuidade a esse projeto – e sempre darei.

A felicidade está nas coisas simples da vida, e são as ações do dia a dia, atos de amor e bondade que nos aproximam da alma, afastam o mal e nos fazem evoluir pessoalmente e profissionalmente. E assim procuro olhar para a vida e fazer a minha fotografia – que é uma benção e também uma oportunidade.

semmedo

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