Como funciona o flash
Existe um grande mito da fotografia: o de que foto com flash é horrível. É provável que essa ideia tenha se tornado tão popular devido à falta de conhecimento do que significa uma boa fonte de luz e dos princípios básicos do funcionamento do flash com a câmera DSLR.
Para começar, temos que estabelecer uma divisão entre o que entendemos por luz ambiente e flash. A luz ambiente também é conhecida como luz contínua pela simples razão de continuamente iluminar uma cena ou objeto. O flash não é considerado uma luz contínua. Ele, na verdade, é um pulso de luz que ocorre dentro de um tempo de exposição determinado pelo fotógrafo.
Toda vez que utilizamos o flash, nossa câmera regula automaticamente sua potência de saída baseada num sistema conhecido como TTL, que determina quanto de potência de flash será necessário para iluminar um objeto ou pessoa, num determinado espaço e com a exposição definida pelo fotógrafo.
Por exemplo, se você fez uma fotometria subexposta em um ponto, a câmera dirá ao flash que ele precisa iluminar em apenas um ponto a cena para termos uma fotografia com exposição equilibrada. Caso tenhamos definido uma exposição dois pontos subexposta, o flash jogará luz necessária para compensar a exposição e termos novamente uma exposição considerada padrão.
Esses cálculos estão automaticamente integrados ao flash incorporado das DSLR e também são opções na maioria dos flashes externos profissionais.
Para o TTL determinar a potência ideal, a câmera lança um “pré-flash”, um pulso de luz que “testa a cena” e antecede o flash que, de fato, irá estar presente na fotografia registrada pelo sensor. Muitas vezes temos dificuldade de identificar a saída do pré-flash pela proximidade dele com a saída do flash de primeira cortina.
Outro fator básico importante é o sincronismo que deve existir entre a saída do pulso do flash e a exposição do sensor à cena. Conhecido como velocidade de sincronismo, cada câmera possui uma velocidade de acordo com a tecnologia do sensor e do obturador. Por exemplo, minha câmera D40 de 2006 possui uma velocidade de sincronismo de 1/500, uma velocidade muito superior à da minha outra câmera, D610, que só consegue sincronizar com o flash em, no máximo, 1/200. Resultado de tecnologias diferentes de obturador e sensor: a D40, além de possuir uma mecânica diferenciada em seu obturador, tem o antigo sensor CCD (aposentado desde 2009 nas principais DSLR do mercado).
Contudo, o flash externo profissional possui o recurso de High Speed Flash. Esta opção vem abreviada pela sigla FP e, com ela, posso fazer com que minha D610 sincronize numa velocidade bem mais alta, como 1/1000. Neste caso, o flash emite luz por mais tempo, atuando como uma luz contínua, dentro de uma fração ínfima de segundo, o que nos oferece interessantes aplicações criativas – mas isso é assunto para outro artigo.
Flashes externos ainda possibilitam a regulagem manual da potência, mas esse recurso só é prático quando temos uma distância bem definida entre objeto fotografado e a câmera. Se essa distância mudar, temos que ajustar a potência de saída do flash. Por essa razão, o modo TTL é mais prático para eventos, shows, casamentos, enquanto que o modo manual é ideal para fotografia em estúdio.
Com os flashes externos ainda podemos regular o ângulo de saída da luz. Assim como as distâncias focais de uma lente, quanto maior for o valor em milímetros, menor será o ângulo de saída da luz do flash. Uma dica importante ao utilizarmos muita potência ou fotografarmos seguidamente com o flash é a de dar um respiro, um tempo para o flash poder recarregar seu ciclo de energia. Caso contrário, o pulso de luz começa a perder intensidade (no SB-600, o sinal vermelho embaixo de “ready” avisa que o flash está carregado para ser utilizado na potência desejada). Utilizar o flash de maneira intermitente pode comprometer o resultado desejado e até mesmo queimar a lâmpada do equipamento.