Como eu fiz a foto: Walter Thoms

O sobrenome “Thoms” carrega uma grande tradição artística quando se trata de fotografia. Os irmãos Henrique e Walter têm uma paixão por eternizar momentos que só pode ser hereditária. O mais novo, Henrique (19), foi influenciado por Walter (23), que começou a fotografar quando ainda nem tinha certeza do que seria quando crescesse.

Fotógrafo freelancer há apenas cinco anos, Walter já faz parte de dois coletivos fotográficos (o F.6 e um coletivo secreto formado por cinco amigos) e cria projetos pessoais. Dentre todas as técnicas que aprendeu durante esses anos, a de dupla exposição é uma das que o curitibano mais gosta. “A forma que a fotografia toma depois de ter uma cena sobreposta em outra muitas vezes é fantástica”, explica.

Também conhecido como múltipla exposição, o método amplamente utilizado na fotografia analógica consiste em expor um negativo mais de uma vez e encanta aqueles que se interessam em produzir imagens desconcertantes com caráter surrealista. Sem falar na expectativa do resultado, que nunca é 100% controlado nessa técnica.

“A primeira vez que usei um filme 35mm para tentar fazer dupla exposição foi por tentativa. Coloquei um Kodak ProImage 36 poses na câmera, uma Canon AE-1, e bati flores, pedras, folhas, livros, copas de árvores e por aí vai. Rebobinei o filme, coloquei na câmera e, sem marcação ou ponto de referência, bati ele de novo”, conta. Apesar das imagens terem saído com uma faixa preta, o resultado do experimento inicial já deixou Thoms bastante contente: “A faixa preta que aparece nas fotos é o limite do quadro/fotograma e mostra quando errei a posição dos ‘dentes’ na hora de recolocar o filme na câmera”.

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Para a segunda tentativa, feita com um filme Fuji 400 convertido em redscale caseiramente, Walter prestou atenção nos erros da primeira: “Com o filme na câmera, resolvi riscar os dentes do negativo com marcador permanente preto. Peguei também uma caderneta que uso para anotações e escrevi nela cada foto que eu fazia na primeira vez do rolo. Assim teria uma base e saberia o que sobrepor”, lembra.

“A primeira camada do filme eu usei ao fazer uma trilha na montanha do Caratuva, na Serra do Ibitiraquire, no Paraná. E por mais que tivesse anotado e pensado em cada foto, o resultado foi surpreendente. Essa é a emoção de se usar filmes (negativos, positivos, preto e branco) e experimentar com eles. A segunda leva envolve algumas trilhas e também ensaio da banda de uns amigos”.

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O interessante da dupla exposição, para ele, é a incerteza do resultado: “Você não sabe se realmente dará certo até pegar o negativo revelado e olhar em uma caixa de luz que saiu alguma coisa, depois digitalizar e apreciar as texturas das sobreposições”, conta. O fotógrafo também fala das possibilidades que essa técnica oferece, que, além de usar a criatividade, pode ser feita com diferentes tipos de filme. “Ainda não testei fazer com cromo por Curitiba não ter mais onde revelar, mas quero fazer logo e também tentar dupla exposição com filme preto e branco”.

Confira mais alguns dos resultados:

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