Como conseguir uma luz criativa na fotografia de casamento?

Apresentamos mais um conteúdo da série de Dicas de Fotografia com truques e tutoriais retirados direto dos livros da iPhoto Editora. Hoje trazemos os ensinamentos do fotógrafo Everton Rosa, retirados do livro “Criatividade na Fotografia de Casamento”. Confira:

“Há uma regra que rege o emprego da luz em fotografia de casamento (na verdade, serve para qualquer situação): não importa o dispositivo que está gerando a iluminação, e sim a sua posição relativa ao objeto e o quanto suave ela é. Mas eu poderia resumir a equação da seguinte forma: luz perfeita é aquela que molda o rosto da pessoa da melhor forma possível.

Sempre que vou iluminar os noivos, eu considero primeiramente o enquadramento (se usarei um plano aberto ou fechado) e, depois, a forma como a luz irá esculpir o rosto dos modelos. Assim, o tipo físico da pessoa irá determinar a posição do foco luminoso: quando tenho alguém com o rosto mais redondo, coloco a luz de lado para afinar a silhueta. Se for magro, procurarei iluminar mais de frente – com isso, o rosto ganha mais volume.

Foto: Everton Rosa

Portanto, não importa se a luz utilizada é contínua (como os LED tão populares em eventos) ou gerada por flash acionado via rádio. O que importa é a direção e a suavidade da luz. Esta segunda condição se justifica especialmente quando temos um casal um pouco mais maduro. Na verdade, é muito comum hoje em dia os noivos não serem mais tão jovens. Já sentem, com isso, a passagem do tempo. Sendo assim, quanto mais suaves as condições de iluminação, melhores serão os resultados. Como consequência, praticamente durante toda a cobertura eu utilizo softboxes acoplados aos flashes. Meu objetivo é ter uma luz parecida com a do cinema.

A iluminação cinematográfica é projetada com o intuito de provocar uma reação emocional no espectador. Tipo, estimular um “caso de amor” com a atriz principal, acentuando a beleza, sensualidade ou a pureza da mocinha do filme. Isso se faz aplicando a combinação que mencionei acima: luz extremamente suave, posicionamento enfatizando o desenho do rosto e com o acréscimo de uma luz de cabelo ou recorte para dar um brilho especial. Se, por outro lado, o que se quer é criar uma atmosfera de drama ou suspense, é mais provável que os personagens ganhem uma luz mais contrastada, posicionada no alto para sulcar as feições do sujeito ou de baixo para cima, para dar um certo ar sinistro ao vilão da cena. Resumindo: a luz sempre se propõe a algo. Quando fotografo uma noiva, o que eu espero é que ela se apaixone por si mesma ao ver as imagens. Evidentemente, se você estiver fotografando de dia, não há muita necessidade de utilizar equipamentos de iluminação. Basta, por exemplo, aproveitar a luz vinda de uma janela. É um recurso especialmente eficaz para o momento da maquiagem da noiva. A cortina pode ser usada como difusor para atenuar o contraste da luz. Dependendo do horário do dia (e a maioria dos casamentos ocorre no fim da tarde), nem será necessário. Em situações como essas, uso apenas a câmera. Nem preciso usar o flash.

Mas preciso estar sempre atento à direção da luz. Hoje em dia, os equipamentos possuem um amplo alcance dinâmico (capacidade maior de expor simultaneamente as áreas mais claras e mais escuras da cena), o que permite obter resultados como os que consegui durante um casamento em Ibiza. Eu fotometrei nos tons médios da cena e depois, na pós-produção, ajustei as altas-luzes, trazendo para a imagem o pôr do sol e suavizando as sombras. Praticamente um HDR. Por isso, saber utilizar o equipamento a todo momento para facilitar o trabalho é de extrema importância.

Foto: Everton Rosa

Fotografar casamentos de dia não é tão fácil quanto parece, pois a direção da luz não pode ser determinada pelo fotógrafo. É preciso se virar com o que a natureza dispõe, uma vez que normalmente eventos assim ocorrem ao ar livre. Alguns colegas aplicam flash para compensar ou preencher a luz; eu prefiro deixá-la como está. Parto do pressuposto de que o casal, ao escolher o horário e o local do seu enlace, pensou em ter aquelas condições de iluminação. Apenas procuro, quando posso, posicionar as pessoas para ter um melhor desenho da luz. Por exemplo, já cobri uma cerimônia ao meio-dia aqui no Rio Grande do Sul. Como se pode imaginar, debaixo de luz dura. Optei por preservar o clima, apenas ajustando a fotometria.

Aliás, ter atenção à fotometria é essencial, pois não podemos deixar a pele estourada ou muito escura. Sempre fotografo em Raw, então depois eu consigo ter uma regulagem mais precisa. Porém, se na captura a fotometria for completamente equivocada, não haverá recurso. Assim, o melhor ponto para fotometrar é no rosto da pessoa. Além de ser o centro das atenções, a pele do local oferece uma tonalidade compatível com o cinza médio usado como padrão pelo fotômetro das câmeras. Se optasse por fotometrar no vestido da noiva ou no terno do noivo, induziria o dispositivo ao erro.

Naturalmente que a pele negra requer um ajuste, mas com o arquivo em Raw é possível resolver. Desde que se faça uma fotometria média, tudo bem. No geral, eu zero o fotômetro no rosto e depois, na pós-produção, defino melhor a relação entre luzes e sombra. É nesse ponto que a capacitação faz a diferença: todo fotógrafo deve dominar tecnicamente o seu equipamento e estar habilitado a fazer a pós-produção, de modo a extrair o melhor. A tecnologia deve estar à disposição da nossa arte.”

Este texto foi retirado do livro “Criatividade na Fotografia de Casamento”, de Everton Rosa. Você o encontra à venda na nossa loja.

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