Muito profissional já se viu na contingência de realizar um retrato de algum empresário ou executivo de grande empresa (ou CEO, Chief Executive Officer, como chamamos atualmente os manda-chuvas das grandes corporações). Em geral, o fotógrafo sente-se compelido a fazer um retrato padrão, com o personagem atrás da sua escrivaninha ou coisa do gênero. Talvez, pese o receio de fugir ao protocolo, por se tratar de um cliente que não parece muito propenso a ousadias. Melhor não arriscar.
O fato é que sempre há espaço para ousar, como ensina o carioca Claudio Edinger. O fotógrafo, vencedor de uma quinzena de prêmios e autor de um número igual de livros de arte fotográfica, já teve seus momentos de retratista do mundo corporativo. Em sua página no Facebook, Claudio – que é formado em economia – escreveu sobre a experiência (um “excelente laboratório para meu trabalho pessoal”) e, de quebra, estabeleceu uma regra de ouro para quem atua na área: tirar o executivo do escritório, um ambiente “monótono, óbvio e hostil à boa fotografia”.
“Seguindo essa regra, fiz de tudo. Já fiz CEO pular no alto de um prédio (parecendo que estava voando). Enrolei um presidente de indústria em papel plástico, criando uma múmia contemporânea (no bom sentido). Fiz CEO ficar de cabeça pra baixo no sofá (ele fazia ioga). Já fiz fotos bem no meio da rua, o executivo parado e os carros em movimento. Em uma foto do CEO de uma indústria de pipoca, no meio da floresta, choveu pipoca em cima dele”, citou Edinger.
O fotógrafo lembra que perguntar não ofende e, em geral, os retratados recebem bem a possibilidade de fugirem à rotina. “Meu argumento era: ‘Se eu fizer você atrás da mesa, ninguém vai nem olhar e muito menos ler a matéria’. Funcionava”.
Mas como toda regra tem exceção, Edinger ilustrou seu post com a fotografia acima. “O escritório era ótimo, todas as paredes eram vermelhas (?!). Não consigo imaginar o efeito psicológico de se trabalhar todo dia num ambiente assim…”, justificou o artista.