Fotógrafo conta como é usar a “Lente dos Sonhos” de R$ 10 mil

A Canon construiu a lente 50mm f/0.95, chamada de lente dos sonhos, entre a década de 1960 e 1970 para ser utilizada em uma câmera de telêmetro. Até hoje é uma das lentes mais rápidas já construidas; até mesmo foi referência para a Leica construir a Noctilux M 50MM f/0.95 ASPH. (que custa a bagatela de £ 8000, ou seja, R$ 32.640 sem impostos). Já a Canon 50mm f/0.95 é encontrada no Mercado internacional por volta de R$ 10 mil com baioneta original ou R$17 mil já modificada com baioneta para ser utilizada pela Leica M. Aliás, foi essa descoberta da modificação, além das poucas unidades produzidas no mundo (7.000), que fez o seu preço disparar entre colecionadores.

Como sou um fotógrafo apaixonado por lentes diferentes, confesso que estive desejando esta lente por muitos anos. Já testei todo tipo de equipamentos disponíveis no mercado, porém a Canon 50mm f/0.95 é o tipo de lente única, conhecida por seu desfoque espetacular, cuja nitidez esta concentrada apenas no centro, enquanto nas bordas as imagens parecem derreter como manteiga aos nossos olhos. Com o diâmetro de 72mm, um grande barril cuja ótica feita de puro cristal, parecem demorar uma eternidade para girar o anel de foco, haja peso!

Porém o resultado final é a garantia de que todo valor investido é realmente satisfatório.

Foto: Misha Voguel

Eu coloquei as mãos nesta lente, e com a baioneta original eu tinha 2 opções: comprar um adaptador raro e caro no mercado internacional para usar nas mirrorless (Sony A7II) OU enviar para o Japão para fazer a modificação para Leica M. Confesso que a 2ª opção parecia uma tarefa quase impossível, já que os custos elevadíssimos tornariam este projeto inviável. Em relação à primeira opção, bem, eu não tinha mais minha Sony A7II. O jeito encontrado, através de um amigo, era fazer a própria modificação, arriscada, já que poderia perder a única peça disponível.

Comprei a baioneta Leica M, e fomos juntos atrás de uma indicação de um senhor que tinha uma pequena oficina em casa para fazer os furos com rosca na baioneta. E com as marcações já feitas, fizemos o processo da adaptação. Se deu certo? Abaixo você confere as imagens, registradas através de uma câmera Digital Rangerfinder, a Leica M8.

 

Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel
Foto: Misha Voguel

Por ser uma lente totalmente artística, o fotografo precisa ter o máximo de paciência para utilizá-la, já que não é precisa e qualquer movimento a cena sai de foco.

Todas as fotos foram feitas na abertura máxima 0.95 para poder desfrutar de toda sua eficiência. É um desperdício utilizar esta lente em outras aberturas, já que poderíamos facilmente utilizar uma 50mm f/1.4 ou f/1.8 disponíveis no mercado atual.

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5 Comentários

  1. Muito interessante, me pareceu (o processo em si) similar ao fotografar em macro, pela distância focal. Através de meus estudos em fotografia, sempre li ou ouvi sobre a máxima “eficiência” da lente (ou outro equipamento) não está em seus limites. Portanto acredito que comparar usar f/1.4 em uma lente f/0.95 com a mesma abertura em uma lente f/1.4 seria um equivoco, pois no segundo caso estaria trabalhando no limite da mesma, não obtendo sua máxima eficiência. E isso é o que torna essa lente 0.95 mais fantástica ainda. Enquanto ao falar em se obter o efeito de desfoque ao máximo seria o mais correto. Att.

  2. Misha Voguel é um fotógrafo incrível! Excelente profissional, muito dedicado, um ser incrível. Parabéns merece todos os créditos.