Ucrânia: Mauricio Lima fala sobre o conflito

O fotógrafo paulistano Mauricio Lima, eleito em 2010 pela revista Time “o fotógrafo de agência de notícias internacionais do ano”, desde o mês passado está cobrindo a crise na Ucrânia para o New York Times. A ex-república soviética está em conflito desde novembro de 2013, quando uma tentativa de aproximar o país da União Europeia teve a oposição de blocos que defendem uma reaproximação com Moscou.

A península da Crimeia, com maioria pró-russa, declarou independência e em março decidiu, por meio de referendo, anexar seu território à Rússia, o que elevou a tensão na região e precipitou uma crise diplomática entre o governo de Vladimir Putin e os Estados Unidos. Deflagrou também uma sangrenta guerra civil: de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o saldo de mortos passa de 2 mil.

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Nadezhda Sanzharevskaya, 49, lamenta a perda da irmã, Yelena Ott, 42, enquanto seu caixão era levado ao cemitério de uma pequena vila no leste da Ucrânia, no mês de maio

O fotógrafo falou ao blog Lens, do NY Times, que tem visto coisas terríveis em Donetsk, no leste da Ucrânia: “Eu vi um corpo caído perto de uma pequena casa do outro lado da rua. E então vi o momento mais comovente. Eu estava tirando fotos da destruição e vi uma mulher mais velha vindo com um homem mais novo, usando camuflagem. Ela estava chorando e gritando muito, muito alto. Mais alto do que qualquer um que eu já ouvi. Seu filho a estava levando para ver a filha, cujo corpo estava deitado no chão. Ela caiu no chão ao lado do corpo, gritando. Tirei algumas fotos e depois decidi deixá-los lá. Foi um momento muito íntimo, ela estava histérica. E também estávamos completamente expostos a um tiroteio que tinha começado por perto”, contou Mauricio.

Ele disse ter encontrado muitos rebeldes pró-russos, e que os ataques acontecem o tempo inteiro, em qualquer lugar e que a cidade mudou completamente no último mês: “Apena um supermercados e poucos postos de gasolina estão abertos em Donetsk. Há um toque de recolher aqui entre 23h  e 6 da manhã”.

Ele também contou que viu uma mulher russa de 80 e poucos anos ser atingida por uma granada no quintal da casa de sua mãe, entre outros momentos de tristeza que tem presenciado.  A entrevista completa (em inglês), com fotos, pode ser lida aqui.

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Militares pró-russos armados descansando perto do corpo de um combatente ucraniano próximo a um posto de inspeção em Pisky, no oeste de Donetsk (23 de maio de 2014)

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