Claudia Jaguaribe vê SP do alto

O Estúdio Madalena marca sua estreia no mercado editorial com Sobre São Paulo (209 págs., R$ 110), novo livro da artista visual Claudia Jaguaribe. O título será lançado em abril, na SP-Arte, feira de arte que ocorre no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e apresenta a cidade onde a autora vive há 24 anos a partir do alto.

Claudia, que é carioca e lançou ano passado pela Cosac Naify Entre Morros, sobre o Rio de Janeiro, subiu ao topo de prédios e sobrevoou de helicóptero a metrópole paulistana em busca de uma visão mais abrangente da cidade, num contraponto à fotografia urbana da qual, segundo diz, anda cansada: “Isso está desgastado”, afirma a fotógrafa, que se dedicou ao projeto durante um ano e meio – o que se traduz em quatro sobrevoos e dez subidas a coberturas de edifícios, entre eles o da Fiesp, o Martinelli e a nova torre do Santander.

“Não sou documentarista, a minha questão é artística e quis fazer um trabalho que mostrasse a dificuldade de visualizar a dimensão espacial da cidade”, explica Claudia, que sacrificou a perspectiva humana em favor dessa escala monumental. “O tamanho de São Paulo é exorbitante, se perdem as fronteiras, e fotografar do ponto de vista do pedestre não fazia sentido. Por isso optei por um ponto de vista frontal, aéreo e afastado”, justifica.

Livro foi impresso em formato de sanfona, que aberto apresenta panorâmica de quase 20 metros

Sobre São Paulo tem um formato curioso: foi impresso em forma de sanfona. Quando totalmente aberto, apresenta uma panorâmica de quase 20 metros. “Realizei montagens e junções do material fotográfico, criando imagens panorâmicas que se estendem como se estivéssemos desenrolando um novelo de cidade emaranhada. Daí surgiu a ideia de fazer o livro em formato de sanfona. O mapeamento é subjetivo, o que eu quero é transmitir a sensação de imensidão e complexidade dessa cidade”, diz Claudia, que já projeta uma continuação do projeto. “A sequência será outro livro e uma exposição, que contarão com intervenções de grafiteiros, arquitetos, artistas e do público recrutado via internet”, releva.

O verso apresenta trechos de textos e músicas escolhidas pela fotógrafa. Lista vai de Padre José de Anchieta a Arnaldo Antunes

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