Cinegrafia social: a caminho da 7ª Arte

A relação entre eles nem sempre é das mais cordiais. Entretanto, a cada novo trabalho, estão fadados a se encontrar. Aí, é preciso executar a tarefa, independente da presença, às vezes incômoda, do outro. Agora, naquilo que poderia ser entendido por alguns como uma tremenda ironia, ambos estão virando um só. Milagres da “cinefotografia”.

A chegada das câmeras DSLR que filmam em full-HD abriu um mundo novo de possibilidades para fotógrafos e cinegrafistas de todos os níveis e aportou no mundo dos casamentos com um sopro de frescor. Mais importante, trouxe a duas classes profissionais que não se entendiam na totalidade das vezes (fotógrafo e cinegrafista) uma linguagem comum. Mas, para Daniel Torraca, foi mais que isso. Foi a salvação da lavoura.

“Foi o que me fez continuar no mercado de trabalho”, conta o videomaker de São José do Rio Preto, 33 anos de idade e uns vinte fazendo vídeos de casamento. Daniel tem uma produtora, a April Vídeo, e foi um dos primeiros a aplicar a novidade em seu ramo de atividade. “Cheguei a usar duas equipes em um evento para testar e ver a qualidade dessas câmeras”, revela.

Daniel Torraca: “Tive que virar um fotógrafo para voltar para o vídeo” (foto: Ricardo Milani)

Embora filmem – e bem –, câmeras DSLR são o que são: câmeras fotográficas. Assim, o paulista tem procurado assimilar essa característica primordial do equipamento para acrescentar às suas filmagens: o olhar, a composição e a luz do ponto de vista do fotógrafo. Curioso é que, lá no início da carreira, Daniel caminhava para ser justamente isso.

Ele começou a trabalhar ainda moleque, treze anos, com a família. De fotógrafos, aliás. Daniel circulava pelo laboratório, fazia revelação, mas o problema era que ninguém queria saber de filmar. Então, sobrou para ele encarar a velha VHS. Mais tarde, assumiu o negócio e fez tudo certinho, bem planejado, para ir da fotografia ao vídeo. Agora, de certo modo, ele vai fazendo o caminho inverso.

“Tive que virar um fotógrafo para voltar para o vídeo”, explica ele como tem sido o processo. O importante é que vem dando certo. E, melhor: tem muito campo para ser explorado nesse novo segmento. Sua produtora executa uma média de três vídeos por mês (cada um leva uns dez dias para finalizar) e não se compromete com mais de 30 casamentos por ano. Falta profissional no mercado, tanto que, se um casal não quiser ficar na mão, precisa garantir o cinegrafista com um ano de antecedência.

Para o dono da April, o momento é de transição. Ele identifica umas 20 produtoras de qualidade atuando hoje em dia. “Melhorou muito”, afirma. Muitas dessas produtoras têm investido em equipamentos capazes de transformar a igreja em um set de cinema, com gruas e tudo mais, mas Daniel adverte que não é preciso tanto exagero. Especialmente porque, geralmente, não há espaço para tanta pirotecnia. E ele não quer “entubar” o cliente, oferecendo coisas que, no fim, não vai usar.

Desse modo, quem quiser começar pode optar por uma DSLR de baixo custo e adquirir um PC para edição. Como boa parte dos clientes acaba realizando os chamados “mini-weddings”, esse kit deve bastar. Daniel recomenda a Canon 5D Mark II, pelo custo-benefício e facilidade de uso. No caso dele, 90% das cerimônias são filmadas com luz ambiente, por isso é importante dispor de lentes claras (as câmeras full-HD têm excelente desempenho sob pouca luz). No mais, seu método de trabalho vai se aproximando do cinema, com direito a pré-roteiro, storyboard e a preocupação de registrar em seus filmes (na maioria curtos, pois “agradam a todo mundo”) aquilo que os noivos não viram do próprio casamento. Vídeos dinâmicos, com imagens escolhidas a dedo. Aliás, esta é a “última fronteira” da cinegrafia de casamento: rivalizar a qualidade da Sétima Arte. E o objetivo de Daniel Torraca é, mais uma vez, chegar lá primeiro.

 

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2 Comentários

  1. Gostei muito do artigo acima ainda parindo de um TORRACA.
    Como você pode ver meu nome é JOSE ALDO TORRACA JUNIOR E, por coincidência tenho um filho de nome DANIEL TORRACA.abraço e muito sucesso…