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Cientistas capturam a primeira foto do buraco negro que está no centro da Via Láctea

Hoje é um dia histórico para a ciência e para a humanidade. Cientistas do Event Horizon Telescope Collaboration (EHT) revelaram a primeira foto de um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea.

Trata-se de Sagitário A* (diz-se “a-estrela”), um gigantesco buraco negro que está girando no centro da Via Láctea e está localizado a cerca de 26 mil anos-luz da Terra, com dimensões colossais de cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol. Veja abaixo a histórica foto:

primeira foto do buraco negro no centro da Via Láctea

A imagem é histórica porque confirma a teoria formulada por cientistas de que havia um buraco negro no centro da Via Láctea e agora a foto forneceu as evidências visuais que faltavam. Mas como foi possível fazer a foto?

Obviamente, não é possível capturar uma imagem de um buraco negro diretamente. Os buracos negros não podem ser “vistos”, pois esses objetos são tão massivos que nada pode escapar de sua atração gravitacional – incluindo a luz. Por isso, a foto na verdade é uma silhueta do buraco negro cercado por um disco giratório de gás e poeira (plano de fundo), que brilha ao serem acelerados e aquecidos pela poderosa atração gravitacional.

Oito radiotelescópios, espalhados pela Espanha, Estados Unidos, Chile, México e Antártica captaram imagens de partes diferentes do buraco negro. Depois as imagens foram combinadas, por meio de uma técnica conhecida como interferometria, como se tivessem sido produzidas por um único telescópio. Após dois anos de processamento desses dados, realizado por um software alimentado por mais de 200 cientistas, chegou-se nessa foto histórica.

É importante ressaltar que as cores são falsas, porque os dados são obtidos principalmente em rádio, invisível aos olhos humanos. Assim, a imagem média retém os recursos mais comuns detectados nas milhares de imagens obtidas e exclui os recursos que aparecem com pouca frequência. O vídeo abaixo ilustra este processo, comparando com o mesmo processo usado para o buraco negro da galáxia M87.

Ficamos surpresos ao ver como o tamanho do anel que observamos está tão de acordo com as previsões da Teoria da Relatividade Geral de Einstein”, disse o cientista do Projeto EHT, Geoffrey Bower, do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Academia Sínica, em Taipei. “Estas observações sem precedentes aumentaram grandemente o nosso conhecimento do que acontece mesmo no centro da nossa Galáxia e nos dão novas pistas sobre como é que estes buracos negros gigantes interagem com o meio que os rodeia.

Esta é a segunda vez que a colaboração global consegue registrar imagens de buracos negros — a primeira vez foi em 2019, na histórica foto do buraco negro supermassivo da galáxia M87.

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