Cecilia Duarte: digital com pegada analógica

Há sete anos no mercado da moda, a londrinense Cecilia Duarte (que já citamos aqui anteriormente, falando sobre suas fotografias do Rio de Janeiro), publicitária por formação, se encontrou de verdade na fotografia. Após trabalhar dois anos como produtora em um estúdio de fotografia, decidiu realizar um sonho antigo de morar na Europa. Em Barcelona, onde morou por nove anos, fez curso de fotografia na Escola Massana e na Central Saint Martin’s School, em Londres. Hoje, alguns de seus clientes são marcas mundialmente reconhecidas, como Ellus, C&A, Adidas, Malwee, Dafiti, Lilica Repilica e revistas como a Vip, Gloss, Trip, TPM, FFW, U+Mag, Another Magazine e Fashion Gone Rogue.

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Cecilia, que viveu o período de transição da fotografia analógica para a digital, ainda tem uma relação estreita com o antigo estilo de fotografar: “Eu aprendi a fotografar com filme. Minhas primeiras câmeras foram analógicas. Nas primeiras vezes que trabalhei como assistente, a maioria dos fotógrafos ainda trabalhava com filme e muita gente lutou um pouco para passar para o digital. Mas esse processo foi rápido e em pouco tempo todo mundo já estava trabalhando com digital, por ser mais prático, rápido e barato”. Ela acredita que, com o filme, a maneira de fotografar é outra: ele possibilita que você experimente mais. Embora o processo seja bastante trabalhoso, é a textura e o grão das imagens, o ritual de pegar os filmes no laboratório, ver o resultado dos negativos e escanear cada um, o que torna a fotografia analógica especial.

Apesar de comercialmente trabalhar mais com fotografia digital, ela busca aproximar seus cliques da fotografia analógica utilizando filtros e adicionando grãos. Em seus projetos pessoais, ainda prefere usar o filme. Para Cecilia Duarte, a linguagem da analógica agrega muito mais identidade à foto: “O digital é perfeito e o processo também é mais rápido. É uma exigência do mercado, você não pode ficar fora disso. O cliente quer ver a foto na hora, o processo é mais rápido e fácil de controlar. Hoje em dia é quase impossível usar filmes em trabalhos comerciais, não existe mais espaço e nem tempo para isso”, explica.

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Por ter estudado publicidade, seu primeiro contato foi com a fotografia comercial, mas foi a moda que realmente a deixou encantada: “Ela te dá a possibilidade de criar um ambiente, uma história, um universo. Ou simplesmente retratar uma geração, um hábito do momento, descobrir pessoas interessantes, experimentar mais, brincar com o acaso. A fotografia de moda em geral, é mais livre e solta”. Segundo defende, o fotógrafo de moda deve ser livre, único e autêntico. Cada fotógrafo deve desenvolver seu estilo na prática, para descobrir com o que mais se identifica. “Sou bem pouco controladora em uma sessão de fotos, acabo deixando os modelos bem livres e naturais, gosto de deixar espaço para o acaso ou para surpresa. Às vezes funciona e às vezes nem tanto. Acho que o estilo você vai moldando pouco a pouco com o tempo, com as vivências, experiências e com os interesses do momento em que se está vivendo.

As referências de seu trabalho vêm de fotógrafos como Vivian Sassen, Julia Hetta, Camila Akrans, Mario Sorrenti e Juergen Teller, mas a sua inspiração está no cotidiano: desde uma árvore no meio da rua, pessoas que a interessam, coleções de roupas, cidades que conhece, lugares, luzes, paletas de cores, filmes e exposições de arte. Ela explora em seu trabalho as possibilidades da própria fotografia e da iluminação. Em seus projetos autorais, trabalha com diferentes câmeras, prova variadas luzes, usa bastante filmes e polaroides, mas em seus trabalhos comerciais ela procura criar curvas e perfis para as imagens.

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Para quem quer mergulhar de cabeça nessa área fotográfica, a dica da profissional é gostar muito do que está fazendo para realmente valer a pena e ter sentido, ser perseverante e acreditar muito no que fizer. É um mercado que está mudando bastante e está cada vez  mais difícil. Na moda, hoje em dia, existe muita concorrência, assim como em todas as profissões, mas o problema é que, de alguma maneira, a profissão vem sendo menos valorizada por uma questão de mercado e também em função do momento em que estamos vivendo e de como consumimos a imagem.

Cecilia Duarte está desenvolvendo seu próximo projeto, uma coleção de camisetas e agasalhos para a Adidas com fotografias de São Paulo. Também está com a série Flores na Galeria Nacional, na capital paulista.

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