A busca por diferencial tem levado os fotógrafos sociais cada vez mais longe. Literalmente. O mercado internacional é a “última fronteira” para os profissionais que cobrem casamentos. Os clientes são principalmente brasileiros, que viajam para casar com mais glamour ou que estejam morando no Exterior. Com eles seguem (ou a eles se juntam) os fotógrafos brasileiros de sua escolha, cuja tarefa reserva dupla satisfação: a de produzir imagens que conferem valor ao portfolio – e reputação ao autor – e a de realizar uma bela viagem para fora do país.
Hugo Carneiro, 29 anos de idade, natural de Petrópolis (RJ), é um desses fotógrafos viajados. Estados Unidos, Argentina, Dinamarca, Grécia e França são os países onde já fotografou. Atuando desde 2003, ele fez a primeira cobertura internacional em maio deste ano. Os noivos já haviam se casado no Brasil e planejaram uma segunda cerimônia e lua-de-mel em Las Vegas (EUA). A ideia de levar um fotógrafo para documentar tudo foi do próprio Hugo.
“Fomos para o estúdio, levantamos os custos e lá fui eu com o casal para as fotos do trash [the dress] e também para o casamento de Vegas. Fizemos as fotos do trash em dois dias, dividindo entre os principais pontos que queríamos passar por lá. Montamos um roteiro, alugamos um carro, que inclusive serviu para fotos (ponto interessante e que ajuda muito)”, conta o fotógrafo, um adepto do chamado fotojornalismo de casamento, mas que gosta de colocar pitadas de moda em suas produções.
O casamento ocorreu na capela Little White Church, muito procurada. Foi do tipo expresso, muito rápido, comum por lá. Hugo não teve muito tempo para se programar, menos de dez dias. Mas recomenda planejamento: estabelecer uma boa logística, reconhecer o terreno, ter um veículo à mão e se precaver quanto ao clima. Vestidos de noiva não são muito adequados ao frio. Na Argentina, por exemplo, foi preciso encerrar o ensaio antes do previsto, pois esfriou demais.
“De preferência, leve equipamentos de sobra, porque não é fácil encontrar lojas especializadas por onde passamos. Não pode existir a possibilidade de faltar nada. Equipamentos portáteis ajudam muito, como tripés menores, mochilas especiais etc.”, aconselha.
Outro cuidado que vale a pena ter é observar os costumes locais, para que não haja gafes: “Por esse motivo é que tenho uma agenda muito limitada de casamentos por mês. Tenho uma ficha e estudo cada um deles, caso a caso. Além das diferenças de lugares, costumes e crenças, temos as necessidades e gostos de cada casal e isso é o mais importante de ser estudado”, destaca.
Um item sempre entra em pauta quando se cogita sair do país: o idioma. Ser fluente em inglês certamente ajuda, como foi quando ele fotografou na Dinamarca. A noiva era brasileira, mas o noivo, dinamarquês. Com este, a comunicação precisou ser toda em inglês, algo necessário para agilizar o ensaio. Mas a falta disso não deve ser encarada como impedimento: “Principalmente nesses casos ajuda muito, mas não acredito ser um fator determinante quando o casal é brasileiro”, confirma o fotógrafo fluminense.
Para quem está interessado em explorar esse filão, vale a norma de manter o portfolio online em dia. Especialmente após desenvolver algum trabalho nessa área, a divulgação deve ser priorizada. “Uma outra maneira interessante é conseguir cursos fora do país que te deem um portfolio, como foi o meu caso: fiz um curso na França em 2010 voltado para iluminação em fotografia de casamentos”, acrescenta Hugo.
O segmento está em alta, há clientes dispostos a pagar pelo luxo de levar um fotógrafo na bagagem e bons fotógrafos honrando o investimento. “Quando o casal gosta de um trabalho e se identifica, ele não se importa em pagar por isso. É um investimento para toda a vida, que ficará registrado da forma que eles imaginaram. Os custos na verdade não ficam tão altos em vista de hoje em dia existir muita facilidade para voos internacionais, promoções etc. O Importante é se programar com antecedência”, encoraja o internacional Hugo Carneiro.