Casados com a fotografia
Casais que moram, trabalham e fotografam juntos, isso dá certo? Eu às vezes me pergunto como seria ter o meu maridinho ao meu lado, no meu trabalho, na minha empresa. Mas, trabalhar com a sua “cara metade” dá certo?
Vou falar um pouco sobre dois casais de regiões opostas do nosso Brasil – Liliane Gimenez e André Ricardo, de Porto Alegre (RS), e Hudson Costa e Joelma Colares, de Sobral (CE) –, que têm histórias e estilos diferentes, mas uma coisa em comum: são casados e fotografam juntos.
Vamos começar pela Liliane e pelo André. O André era DJ. Depois do nascimento da filha Alice, agora com oito anos, eles compraram uma câmera e um programa de edição de fotos. Logo vieram os elogios e um convite para fotografar o casamento de um primo. Eles aceitaram e pouco tempo depois o André passou a se dedicar somente à fotografia.
O que eu achei mais interessante no caso da Liliane e do André é que não existe entre eles o segundo fotógrafo, os dois são equivalentes tecnicamente, o que passa segurança para os clientes.
O que os dois consideram as melhores coisas de trabalhar juntos: “Ficar a maior parte do tempo juntos, é conhecer bem um ao outro, é saber respeitar o espaço do outro, é ter assunto em comum, é ter objetivos em comum, é avaliarmos juntos um trabalho e pontuar o que deve ser melhorado no próximo, é o entender tanto sobre o outro a ponto de um complementar o outro, é entender que todo o esforço e dedicação não é só para mim e não somente para ele, e sim para nós, e que o reconhecimento, o sucesso, não são meus, não são dele, são nossos!” . Lindo, né? Eu também gostei muito.
As piores coisas, segundo eles, são: “Não termos controle sobre nossos horários. Prestador de serviços muitas vezes tem que estar à disposição dos clientes nos horários que eles precisam do trabalho. Isso é uma reclamação constante de nossa filha”, reconhece Liliane. “Sabemos que estamos envolvidos demais com a fotografia e que muitas vezes não temos tempo de ir às festas de comemorações da família e dos amiguinhos com ela. Ela sempre acaba indo com os avós, mas ela também gosta e acostumou com a companhia deles e entende que nós só não estamos juntos porque estamos trabalhando”.
“Quando nos tornamos fotógrafos”, ela continua, “assumimos várias tarefas. Temos que gerenciar, vender, administrar. Fotografar casamentos e ensaios pré-casamentos é uma pequena parte do trabalho, pois gastamos horas no computador tratando as imagens, diagramando livros, vendendo trabalhos, respondendo e-mails, atendendo clientes, montando planilhas para calcular custos como qualquer outro trabalho. Deitamos e levantamos falando sobre fotografia. Muitas vezes somos pegos de surpresa em meio a um almoço de domingo ou café da tarde com a Alice nos chamando a atenção, dizendo: ‘Não tem como parar de falar do trabalho agora?’. Conversamos muito porque amamos muito nosso trabalho. Decidimos então que domingo é um dia sagrado para nós, não agendamos nada com nossos clientes, esse dia é para nossa filha”.
O André cuida da parte administrativa, marketing, e Liliane da edição e tratamento das fotos. Eles usam o momento do pré-wedding para conhecer melhor seus clientes antes do grande dia do casamento. Amo as fotos desse casal.
Agora falando do Hudson e da Joelma, eu os conheci aqui em Paris. Tive a oportunidade de fotografá-los, foi muito legal.
Joelma começou a acompanhar o Hudson para não ficar sozinha em casa. Em pouco tempo ela cansou de ficar só na cadeira, olhando o Hudson trabalhar. Ele comprou uma câmera para a Joelma, que já teve bons resultados no primeiro dia de fotos. O Hudson fotografa os noivos, a Joelma, a decoração.
Ela se tornou figura importante porque acompanha a noiva no momento de colocar seu vestido. Hudson conta: “Nas sessões de book pré-nupcial, a Joelma é de grande ajuda, pois faz com que a noiva sinta-se mais segura, confiante, pois ela sempre dá uns toques acerca de roupa, maquiagem, coisas assim… Você pode até dizer: ‘Ué, Hudson, mas o fotógrafo também pode fazer isso!’. Mas aqui no Ceará, por incrível que pareça, ainda há muito machismo, e machismo por parte de mulheres. Tipo assim, elas preferem mesmo a opinião de uma outra mulher acerca de determinados assuntos do universo feminino”.
Agora vem o problema: quando trabalham juntos, o Hudson deixa seu papel de marido para virar uma espécie de chefe, como ele mesmo admite. Os dois não têm somente a fotografia como profissão; ele é professor, ela funcionária pública.
Deixando as diferenças de lado, esses casais nos mostram que é possível, sim, trabalhar juntos. E, como no casamento, na vida profissional cada casal tem seu estilo, administrando todas as dificuldades e dividindo as alegrias da nossa profissão e paixão: a fotografia.
FABIANA MARUNO cursou 3 anos de publicidade e propaganda na PUC-PR, onde teve seu primeiro contato com a fotografia, e é formada em administração pela UFPR. Atualmente ela é fotógrafa do Conexão Paris e correspondente do Photo Channel. Apaixonada por Paris, transformou essa paixão em fotografia e, através dela, eterniza os momentos mágicos vividos nessa cidade incrível.
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fiz minhas fotos com a Liliane e o André. amei, recomendo sempre. além de todo profissionalismo e qualidade no trabalho deles, compreenderam todas as enrolações comuns em um dia emocionante como esse. nota mil pra eles.
Que alívio achar esse texto! Sou noiva, meu noivo começou a atuar como fotógrafo. Sou formada em comunicação, sempre amei a fotografia como hobby e decidir dar uma chance à profissionalização. Estou apreensiva em relação ao nosso futuro afetivo. Acho que a pior parte é não estar 100% no relacionamento e ter que forçar a convivência no trabalho – e ainda com cara boa – o cliente não tem culpa de nada.
Mas tenho fé de que vamos dar certo. Como parceiros profissionais e da vida! =)
Obrigada pelo texto.