Recepção, look, maquiagem, esquemas de luz, equipamento, direção… Como alinhar tudo isso para se obter um resultado simples e sofisticado, tornando a fotografia, mais do que moderna, eterna?
Inicio a sessão de fotos com uma comunicação clara e objetiva em relação ao que tenho a oferecer e o que o cliente deseja.
Previamente é definido o número de produções de roupas que serão usadas, se a sessão será apenas em estúdio ou em parte com imagens externas, e também se haverá produções extras. Junto a isso é definido o tamanho do álbum a ser impresso e o valor do investimento, que é pago antes da sessão.
Na prática, a sessão inicia quando escolhemos a combinação das peças de roupas, que são trazidas pela cliente e representam a sua personalidade.
Após esse passo, eu faço a maquiagem, levando em conta que isso não serve apenas para embelezar, mas para reforçar o estilo e a personalidade individual. Com o conhecimento das regras, observo delicadamente os traços peculiares de cada um, enfatizo o que tem de melhor e amenizo o que incomoda. Não podemos transformar a aparência por completo, encaixando uma máscara – acredito que é sempre melhor menos do que demais.
Além de ter o controle sobre o resultado que busco na maquiagem, há outro ponto extremamente importante, que se refere à linguagem não verbal (zona de distância íntima, que é de 14-46 cm), o espaço natural que precisa ser respeitado entre duas pessoas, que ao maquiar me é permitido acessar. Esse é também o momento em que começo a conexão com a pessoa que irei fotografar.
Em seguida, defino o esquema de luz que usarei no primeiro momento. Em estúdio normalmente uso ISO e velocidade 125, variando a intensidade da luz e consequentemente o diafragma, dependendo do resultado que desejo. Fotometro a cena. Ajusto as cores (temperatura em Kelvin), defino os níveis de contrastes, saturação e tonalidade de cor na câmera e vario as lentes também conforme o resultado que desejo. A escolha da lente ideal é fundamental. Para cada pessoa há uma nova combinação, pois cada um é único e as possibilidades são infinitas.
Após a iluminação pronta e o modelo posicionado, inicio a sessão, lembrando que é importante manter a conversação e a energia o tempo inteiro. Pessoas comuns não têm a obrigação de saber fazer poses ou se portar em frente à câmera, quem precisa dar as coordenadas é o fotógrafo. Para uma boa direção é preciso saber o que se busca como resultado, deixar a pessoa se expressar e, com atenção aos seus movimentos, apenas refinar as poses.
O que é mais incrível quando fotografamos é a percepção da individualidade de cada um em sua forma de se expressar, de pensar e da energia que cada um carrega. Tudo isso reunido ao fato de que nada se repete em uma sessão de fotos, nem o momento, nem as pessoas, tudo é único e exclusivo. Não há certo nem errado, há maneiras diferentes de se fazer e essa percepção muda a concepção e já não há espaço para a mesmice. Tudo é novo, o tempo todo.