Autoral: pinholes de Isabella Carnevalle

Foto: Isabella Carnevalle
Foto da série Fantasmática, captada com câmera pinhole convencional em negativo PB e manipulada em laboratório PB

Isabella Carnevalle começou a dar forma ao ensaio Feminino pelo Feminino por volta de 1998. Na ocasião, a gaúcha, hoje com 43 anos de idade e morando em Porto Alegre (RS), vivia em São Paulo e estava em um processo de aprendizado. Fez dois cursos que foram fundamentais para a sua trajetória: um sobre cianotipia e o outro sobre fotografia pinhole, o qual deu início ao seu projeto.

Depois de um período militando na imprensa, batendo ponto em redação e também desenvolvendo “frilas”, Isabella retornou a Porto Alegre (em 2003) para trilhar o caminho do documentário e da arte – além de ministrar oficinas sobre a fotografia criativa da qual foi pupila.

Em 2008, a fotógrafa e professora montou Feminino pelo Feminino no Centro Cultural Erico Verissimo. Trata-se de um trabalho que percorre mais de uma década. Uma instalação fotográfica poética, conforme classifica a autora, que produziu as primeiras imagens com uma lata de filmes e uma caixa de papelão – seguindo a boa tradição da fotografia pinhole. As mais recentes envolveram o uso de tecnologia digital.

“Começou no workshop, oferecido pela Neide Jallageas e o Paulo Angerami, com a leitura de textos da Clarice Lispector, vários momentos de sensibilização, a construção de câmeras de orifício, testes de calibragem das câmeras e finalmente a captação de imagens”, lembra Isabella.

Ao fim do workshop, havia um pequeno grupo formado, reunido em torno do nome ClaraCena. “As fotografias que eu produzi nesse período foram trabalhadas no laboratório PB e tenho lembranças engraçadas dessa época. Eu sou bastante detalhista e rigorosa e ficava buscando os mínimos detalhes de diferença nas exposições. Isso fazia com que eu sofresse horrores quando ia trabalhar no laboratório. Continuo sofrendo e não gostando de laboratório, apesar de achá-lo um universo rico em possibilidades até hoje”, admite a gaúcha.

O ensaio ficou um tempo na gaveta. Só foi retomado já no retorno a Porto Alegre. “Apresentei a um fundo municipal de financiamento de produção artística, o Fumproarte, que aprovou a instalação fotográfica Feminino pelo Feminino. Agreguei novas imagens, agora feitas com câmera de orifício digital”, informa.

O ensaio se divide em várias pequenas séries, as quais representam diferentes etapas do projeto e também diferentes formas de captação da imagem, tendo em comum no entanto o fato de terem sido todas feitas com a técnica pinhole. “O título envolve tanto o fato de ser eu, uma mulher, produzindo algo que pretende tocar o espectador ‘tanto quanto’ me sinto tocada durante o fazer das imagens. Olhando mais atentamente, ele se refere às qualidades consideradas femininas: emotividade, sensibilidade, flexibilidade, enfim…”, explica Isabella, para quem o processo de execução do trabalho, feito de forma bastante artesanal, tem tanto valor quanto o resultado.

Foto: Isabella Carnevalle
Série Fantasmática
Foto: Isabella Carnevalle
Série Verso do Inverso, uma releitura da série Fantasmática, manipulada e impressa em laboratório PB
Foto: Isabella Carnevalle
Série Traços, feita com pinholes convencionais em negativo PB e trabalhadas em laboratório PB e no PC
Foto: Isabella Carnevalle
Foto captada com câmera de orifício digital e manipulada em computador

 

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