O DNA da fotografia sempre esteve entrelaçado por três genes que embora tenham modificado e evoluído durante os 180 anos de existência, continua a oferecer novas ferramentas para aprimorar a expressão fotográfica. Podemos caracterizar esses genes como sendo a Técnica, a Linguagem Fotográfica e a Composição. Normalmente as pessoas confundem Técnica com Linguagem e Linguagem com Composição. Iremos definir cada uma delas. A Técnica é o domínio da operacionalidade do equipamento, isto é, o fotógrafo não somente sabe manusear cada comando do equipamento, como conhece o potencial de cada um deles.
A Linguagem Fotográfica é um dos meios que a tecnologia coloca à disposição da expressividade do fotógrafo. Assim sendo, no começo da fotografia, não existia fotografia colorida nem lente com zoom, apenas para citar dois exemplos. Com o passar do tempo, surgiram as grandes teleobjetivas, as grandes angulares, filmes coloridos e uma crescente ampliação da sensibilidade dos filmes. Esses passaram de ASA25 (ISO 25) até ASA 3200 (ISO 3200). Durante o período de aproximadamente 150 anos.
Cada uma dessas invenções tecnológicas implementou a capacidade expressiva do fotógrafo. Em outras palavras, saber utilizar a lente zoom é técnica, escolher a lente zoom é linguagem. Composição é a escolha do recorte da realidade e a sua respectiva posição dentro do enquadramento oferecido pelo visor da máquina.
Esse artigo foca no segmento da linguagem fotográfica, denominado DISTÂNCIA ENTRE O OBSERVADOR E O OBSERVADO. Podemos colocar o objeto de interesse longe, perto, close ou extremamente perto (chamada de macro fotografia). O que veremos nos exemplos é que chegando perto, mudamos a linguagem e realçamos sobremaneira o impacto da fotografia. Robert Capa, famoso fotojornalista húngaro dizia que: “Se a sua foto não é boa o suficiente é porque você não chegou perto o bastante”. A seguir veremos alguns exemplos.
A foto 1 mostra o balcão da recepção de um Hotel. Usando uma zoom 27-84, coloquei a lente em 27mm e bati a foto. Aproximei-me do abajur situado do lado esquerdo da foto, colocando em macro e registrei a cena. Posteriormente transformei a foto em PB. É fácil perceber como a simples aproximação modificou completamente a foto.
A foto 2 foi obtida durante um jantar, no mesmo Hotel. Vislumbrei a cena da mesa e cliquei a mesma do jeito que estava. Aproximei-me e captei a foto 2A. Enquanto na foto 2 não conseguimos distinguir o elemento principal, a foto 2A mostra com força total a aplicação da linguagem fotográfica no quesito “aproximação”.
A Foto 3 mostra a lateral do Hotel. Ao chegar perto, o resultado foi a foto 3A. Conclusão: Chegar perto é vital para a gerarmos fotos com impacto. Essa linguagem é válida para qualquer tipologia.
Sobre o autor
Ernesto Tarnoczy Júnior iniciou-se na fotografia em 1981, após ter se graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP em 1970 e obter o título de mestre em Engenharia Civil pela USP em 1985. Desde o inicio dos anos 90, Tarnoczy tem ministrado palestras sobre a “Arte da Composição” em escolas e grupos de estúdio de fotografia pelo Brasil. É autor do livro Arte da Composição Volume 1 e Volume 2 e do DVD Aprendendo Composição Fotográfica, frutos de estudos de mais de 30 anos. Esse mestre o ensina como ninguém como usar os conceitos de movimento, equilíbrio, ritmo, diversidade, unicidade, diálogo, diagonal, primeiro plano, perspectiva, seção áurea e momento decisivo para produzir imagens perfeitas. Em 2012, palestrou no congresso Semana da Fotografia, para mais de 500 fotógrafos de todo o Brasil.