Aprenda a perceber a luz na fotografia
Hoje começamos uma série de Dicas de Fotografia com truques e tutoriais retirados direto dos livros da iPhoto Editora. Para esta primeira publicação, trazemos os ensinamentos do fotógrafo italiano Danilo Russo, retiradas do livro “Iluminação: Teoria e Prática”. Confira:
“Há inúmeras condições luminosas na natureza. Essa constatação, no entanto, não deve dissuadi-lo do estudo da iluminação. Embora seja impossível catalogar todas as combinações existentes, estudiosos antes de nós já fizeram um grande trabalho de simplificação e, hoje, podemos contar com poucas e distintas categorias, onde cabem todas as possíveis situações. Antes de apresentá-las, porém, vale a pena demandarmos algum esforço de análise. Veja as imagens a seguir e reflita sobre elas:
Em qual momento do dia você acredita que elas foram tiradas? Qual sensação elas transmitem: é um dia quente e ensolarado ou um aconchegante fim de tarde? A luz é dura ou suave? Agressiva ou delicada? Qual é a sua direção? Essa luz tem uma cor evidente? Se sim, qual? Como você descreveria as sombras?
Agora veja as imagens abaixo e reflita novamente: em que diferem das que estão acima? Faça-se as mesmas perguntas que respondeu há pouco. Quais são as suas conclusões?
As imagens usadas representam diferentes momentos do dia. Você deve ter percebido isso e conseguido responder às perguntas solicitadas. Mas pense por um momento. Você soube definir cada horário, percebendo as diferenças, antes de ler as perguntas? Tinha percebido conscientemente as diferenças? Se a resposta for sim, você está de parabéns: sua visão está aguçada. Continue treinando. Experimente avaliar diferenças mais sutis e procure por mais detalhes. Mas, se a resposta for não, não se abata, apenas precisa treinar mais, repetir mais vezes este exercício e praticar os próximos.
Treine sua sensibilidade à luz
Olhe e sinta. Estes são alguns exercícios práticos para melhorar sua percepção da luz.
Primeira parte: procure, em atividades do seu cotidiano, prestar atenção na iluminação do ambiente. Verifique a direção da luz, a sua natureza e a direção e intensidade da sombra – e, eventualmente, a cor da luz.
Exemplo 1 – a luz num vagão de trem do metrô: no ambiente, a luz é suave, bem difusa, iluminando de cima para baixo, com pouca variação de intensidade até o chão. Cor: tendência esverdeada ou acinzentada. Nas pessoas, há sombras claras embaixo dos olhos e do queixo.
Exemplo 2 – um dia de sol na praia, aproximadamente às 10 horas da manhã, céu anil com algumas nuvens brancas, mar azul, areia amarelo-claro. Luz brilhante e pontual, quente, vinda de cima, sombras abertas e claras, extrema nitidez e presença de detalhes.
Exemplo 3 – cidade, noite, andando a pé na calçada iluminada exclusivamente por postes dispostos a dez metros uns dos outros. Céu escuro, sem lua: luz pontual de cima para baixo, sombras escuras, múltiplas sombras, ambiente azulado e escuro.
Cada situação tem uma iluminação específica. Você percebeu como e o quanto muda a relação de luz entre a parte iluminada e a área em sombra? Você tem uma ideia da quantidade de luz desses ambientes? E a relação de iluminação? Você saberia reproduzir essa iluminação?
Segunda parte: repita o exercício anterior medindo a luz do ambiente com um fotômetro. Meça a luz geral do ambiente, a iluminação das áreas claras (onde a fonte luminosa incide) e a exposição nas sombras.
Terceira parte: fotografe os ambientes analisados anteriormente e verifique se a câmera reproduziu a relação de iluminação que você percebeu visualmente. Se isso não aconteceu, tente pensar o que fazer para alcançar o resultado visual desejado na reprodução fotográfica.
Se não conseguiu, não desanime. Um dos objetivos deste livro é mostrar como fazê-lo. Os conceitos aqui listados representam um panorama geral das observações sobre a luz, os efeitos psicológicos e a importância de entender como influem na prática fotográfica. É fundamental que o fotógrafo domine os conceitos aqui listados e, o mais importante ainda, adquira a sensibilidade necessária para perceber as implicações desses princípios. Assim, ele pode escolher entre respeitar ou quebrar paradigmas, determinando a comunicação visual e a estética da imagem.”
Este texto foi retirado do livro “Iluminação: Teoria e Prática”, de Danilo Russo. Você o encontra à venda na nossa loja.