“Anti-herói”, Conceição ganha mostra

Rita Cadillac, em foto de Conceição para o NP
Rita Cadillac, em foto de Conceição para o NP

O jornal Notícias Populares marcou época. O tabloide do Grupo Folha circulou de 1963 a 2001 e se notabilizou pelas pautas mirabolantes que publicava. Histórias como a do bebê-diabo do ABC estampavam a capa com a mesma naturalidade que fotos de alguma periguete seminua ou de um “presunto” fresquinho.

Mas se engana quem pensa que havia um bando de néscios operando o querido “espreme que sai sangue” paulistano. Fotógrafos como João Wainer, Fernando Costa Neto, Everton Ballardin e  Rogerio Albuquerque bateram ponto na redação do jornal, cujo pretensioso lema era: “Nada mais que a verdade”.

Poucos provavelmente foram tão assíduos quanto José Luís da Conceição, 51, o Conceição, que ficou dez anos a serviço do Notícias Populares. Nesta semana, o espaço de mostras do Conjunto Nacional, em São Paulo, exibe 35 fotografias de Conceição. A mostra cobre os 30 anos de carreira do fotógrafo, que trabalhou também para a Folha de S. Paulo, O Globo e Estadão. A mostra tem curadoria de Nilton Fukuda e fica em cartaz até 20 de julho, com entrada gratuita.

Acidente com avião da Transbrasil em 1987

Conceição entrou no NP em 1985. O crítico da Folha André Barcinski trabalhou com José Luís no Notícias e o descreve como um dos profissionais mais criativos – e caras de pau – que jamais conheceu. “Era capaz de tudo por uma boa imagem. Tudo mesmo”.

Em entrevista à Folha, Conceição revela que chegou a fazer curso de teatro para ajudar na hora de cobrir as pautas absurdas do periódico: “Tinha que ser um camaleão”, afirmou à reportagem. Disse ainda que se considera um anti-herói do fotojornalismo.

Pois esse anti-herói, além de um acervo de mais de 20 mil fotografias, conforme contabilizou a Folha, coleciona histórias tão improváveis quanto as maluquices que o jornal publicava. Em seu blogue, Barcinski entregou algumas peripécias do antigo colega: “Uma vez, chegou à redação do NP uma dupla sertaneja para divulgar um disco. Um tinha quase dois metros de altura e o outro era um tampinha. Não sei como, mas Conceição convenceu o menor a ficar de cueca e fez uma foto em que o grandão segurava o baixote como se fosse uma guitarra”. Clique aqui para conhecer outras histórias do Conceição.

João da Mota, corredor da São Silvestre, 2009
Operários trabalham em muro na R. Sabato D’Angelo, em SP, 1989
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