O jornal Notícias Populares marcou época. O tabloide do Grupo Folha circulou de 1963 a 2001 e se notabilizou pelas pautas mirabolantes que publicava. Histórias como a do bebê-diabo do ABC estampavam a capa com a mesma naturalidade que fotos de alguma periguete seminua ou de um “presunto” fresquinho.
Mas se engana quem pensa que havia um bando de néscios operando o querido “espreme que sai sangue” paulistano. Fotógrafos como João Wainer, Fernando Costa Neto, Everton Ballardin e Rogerio Albuquerque bateram ponto na redação do jornal, cujo pretensioso lema era: “Nada mais que a verdade”.
Poucos provavelmente foram tão assíduos quanto José Luís da Conceição, 51, o Conceição, que ficou dez anos a serviço do Notícias Populares. Nesta semana, o espaço de mostras do Conjunto Nacional, em São Paulo, exibe 35 fotografias de Conceição. A mostra cobre os 30 anos de carreira do fotógrafo, que trabalhou também para a Folha de S. Paulo, O Globo e Estadão. A mostra tem curadoria de Nilton Fukuda e fica em cartaz até 20 de julho, com entrada gratuita.
Conceição entrou no NP em 1985. O crítico da Folha André Barcinski trabalhou com José Luís no Notícias e o descreve como um dos profissionais mais criativos – e caras de pau – que jamais conheceu. “Era capaz de tudo por uma boa imagem. Tudo mesmo”.
Em entrevista à Folha, Conceição revela que chegou a fazer curso de teatro para ajudar na hora de cobrir as pautas absurdas do periódico: “Tinha que ser um camaleão”, afirmou à reportagem. Disse ainda que se considera um anti-herói do fotojornalismo.
Pois esse anti-herói, além de um acervo de mais de 20 mil fotografias, conforme contabilizou a Folha, coleciona histórias tão improváveis quanto as maluquices que o jornal publicava. Em seu blogue, Barcinski entregou algumas peripécias do antigo colega: “Uma vez, chegou à redação do NP uma dupla sertaneja para divulgar um disco. Um tinha quase dois metros de altura e o outro era um tampinha. Não sei como, mas Conceição convenceu o menor a ficar de cueca e fez uma foto em que o grandão segurava o baixote como se fosse uma guitarra”. Clique aqui para conhecer outras histórias do Conceição.