Todos nós da área da fotografia usamos diariamente o Instagram e o Facebook para divulgar nossas fotos e conteúdos. Porém, ao mesmo tempo que as redes sociais contribuem com nossas estratégias de marketing pessoal e comercial, precisamos ter cada vez mais consciência também dos seus danos, como depressão, ansiedade, distúrbios da imagem corporal e transtornos alimentares.
Apenas nos últimos seis meses, a Meta, proprietária do Instagram e do Facebook, recebeu oito ações judiciais diferentes, somente nos Estados Unidos, que alegam que a empresa ajustou deliberadamente seu algoritmo para viciar, principalmente, jovens e adolescentes para obter mais lucros. Embora, podemos perceber diariamente que muitos adultos e idosos também são afetados pelos aplicativos.
Os processos se avolumaram após uma mãe processar a Meta por supostamente participar ativamente do suicídio de sua filha de 11 anos. A mãe disse que o Instagram foi projetado para atrair usuários mais jovens ao uso repetido e contínuo, tornando extremamente difícil permanecer conectado à vida real.
“A Meta investiu bilhões de dólares para projetar intencionalmente seus produtos para serem viciantes e incentiva o uso que eles sabem que será problemático e altamente prejudicial à saúde mental de seus usuários”, afirmou o processo.
Embora admitindo que os termos de serviço do Instagram afirmam que crianças da idade de sua filha são muito jovens para usar o site, o processo alega que a empresa tem pouco ou nenhum recurso para ajudar os pais a combater os algoritmos viciantes que o Meta usa para manter os usuários engajados.
Já em outro processo mais recente, os pais afirmam que sua filha de 19 anos desenvolveu um transtorno alimentar por causa do vício de estar conectada o tempo todo ao Instagram. O processo alega que, em tenra idade, a menina se tornou viciada no aplicativo e, pouco depois, começou a exibir sinais de “vício, ansiedade, depressão, automutilação, distúrbios alimentares e, finalmente, ideação suicida”.
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Os processos citam o depoimento de uma ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, que fez uma série de revelações bombásticas numa entrevista a CBS, no programa 60 Minutes, e depois ao Senado dos EUA. Ela revelou os dados de uma pesquisa interna, feita pelo próprio Facebook, que mostrou que o Instagram estava impactando a saúde mental dos adolescentes e que a plataforma era um lugar “tóxico” para jovens.
De acordo com slides da pesquisa, vazados e publicados pelo Wall Street Journal, apontam que 32% das meninas adolescentes que não estavam satisfeitas com seus corpos, quando entravam no Instagram se sentiam ainda pior. Em outro relatório interno do Facebook também afirmava: “Pioramos os problemas de imagem corporal em uma em cada três adolescentes” e também que “adolescentes culpam o Instagram pelo aumento da taxa de ansiedade e depressão”.
Porém, mesmo diante dos processos e vazamentos dos documentos internos provando que o Facebook tinha informações sobre os males causados aos usuários, a empresa, na prática, tem feito muito pouco ou quase nada para mudar essa situação.
“O Facebook percebeu que se mudar o algoritmo para ser mais seguro, as pessoas vão passar menos tempo no site, vão clicar em menos anúncios, e eles vão ganhar menos dinheiro”, disse a ex-funcionária do Facebook.
Uma luz no fim do túnel apareceu com um projeto de lei aprovado recentemente pela Assembleia da Califórnia, que permitirá que pais de crianças menores de 18 anos busquem US$ 25.000 por cada violação se puderem provar que seus filhos são viciados em sites específicos de mídia social, incluindo Facebook, Instagram e TikTok.
O projeto de lei define o comportamento viciante como “afetar uma pessoa com menos de 18 anos de idade se ela for prejudicada física, mental, emocional ou materialmente e que deseja parar de usar aplicativos de mídia social, mas não pode porque está obcecada ou se sente compelida para usá-los”.
Se o projeto AB-2408 se tornar lei em 1º de janeiro de 2023, as empresas de mídia social terão até 1º de abril do próximo ano para ajustar seus algoritmos para eliminar a dependência de práticas de engajamento viciantes.