Alexandre Severo: uma homenagem dos amigos

Alexandre Severo acompanhava Eduardo Campos em seu trágico voo no início da campanha presidencial. Teve a vida abreviada aos 36 anos de idade, dez como fotojornalista. Sua obra, porém, não deixará que seja esquecido. Nem os amigos. Um grupo deles está agora mesmo preparando um tributo ao fotógrafo.

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Fotos de À flor da pele, premiado ensaio de Alexandre Severo sobre uma família negra de Olinda (PE) que teve filhos albinos, será usada na homenagem

“O Severo era um cara muito cativante, todos tinham carinho por ele – desde os que conviviam mais com ele até as pessoas mais tímidas da turma”, conta o jornalista Fabio Tito, um dos idealizadores da homenagem. Ele conheceu o pernambucano no curso de pós-graduação em fotografia da Faap, em São Paulo, onde Alexandre morava havia três anos. “Nós conhecemos o Severo lá e a turma se deu muito bem desde o início, tinha uma química muito boa. O pessoal se tornou amigo de verdade, para além da sala de aula”, Tito acrescenta.

Quando soube do acidente, o grupo correu uma vaquinha e enviou dois representantes ao velório em Recife, para se despedirem do fotógrafo em nome da turma. “Passagem pro Nordeste em cima da hora não é nada barato, mas, como dividimos entre todos, ficou tranquilo e supervaleu a pena. Enviamos o Ricardo Reichhardt e a Ana Ottoni, e de alguma forma todos nos sentimos um pouco parte do adeus”, diz.

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Alexandre Severo: “Todos tinham carinho por ele”

A homenagem se seguiu ao sucesso da vaquinha. O grupo idealizou o projeto “Bem-vindo ao meu coração”, uma exposição de duas séries de Severo – o premiado ensaio À flor da pele e Sertanejos – na forma de lambe-lambes espalhados pelo centro de São Paulo. “A ideia de usar as fotos nesse formato, em arte urbana espalhada pela cidade, veio porque o Severo era um cara de fora que vivia e conhecia São Paulo muito bem, e amava a cidade. Ele caminhava muito pela região central, conhecia desde barbearias escondidas com tiozinhos com décadas de profissão até restaurantes das mais diferentes origens: comida peruana, colombiana, árabe, nigeriana… Vamos priorizar locais que ele frequentava ou por onde ele sempre passava, pedindo permissão para colar os lambes nos muros e qualquer superfície que sirva”, explica Tito.

Para bancar o projeto, o grupo – que tem à cabeça, além de Fabio e do cinegrafista Ricardo Reichhardt, os fotógrafos Ivan Padovani e Guta Galli e a jornalista Yael Peretz – o inseriu na plataforma de financiamento coletivo Catarse. O prazo de coleta termina nesta sexta (21) e a meta inicial foi atingida: os R$ 9.800 pedidos foram obtidos em apenas três dias de campanha.

Acontece que o projeto ganhou um alcance maior: amigos de Severo viram o vídeo de divulgação no Catarse e entraram em contato, propondo levar a iniciativa à cidade natal do homenageado. Com isso, a meta de arrecadação subiu para R$ 20 mil. “Essa meta também já foi alcançada, já estamos perto de R$ 23 mil, e agora a ideia é verter o sobressalente para a produção de um minidoc sobre o Bem-vindo ao meu coração. Queremos colher depoimentos do pessoal durante as colagens, para falar do Severo em meio a essa ação coletiva para homenagear a vida dele”, prevê o jornalista.

O projeto deverá ser deflagrado dias 13 e 14 de dezembro, quando fará quatro meses da morte de Severo. “Talvez façamos só no sábado (13), ainda estamos decidindo”, calcula Tito. Como tudo que envolveu esse tributo até aqui, haverá um mutirão para colagem dos lambe-lambes. E, durante algum tempo, São Paulo se vestirá da arte de Alexandre Severo. “A ideia é espalhar esse olhar que é tão dele pela cidade que ele tanto ama”, resume o amigo.

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Outra foto do ensaio À flor da pele
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Ensaio Sertanejos, leitura de Severo sobre personagens tradicionais e contemporâneas do sertão

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