Acompanhamento do bebê: dicas de Simone Silvério

No início da semana, publicamos uma reportagem sobre um segmento que se tornou uma extensão natural dos ensaios com bebês recém-nascidos (newborn): o acompanhamento do bebê. Feita a sessão de fotos logo após os primeiros dias do nascimento do filho, muitos pais têm se sentido compelidos a retornar ao estúdio e ir documentando o desenvolvimento da criança em seu primeiro ano de vida. Para o profissional, um relação economicamente importante e um indicativo de que o trabalho está sendo bem feito.

Simone Silvério, paulistana proprietária do Studio Trend, é uma referência no segmento newborn (seu trabalho é comparado ao de Anne Geddes, fotógrafa neozelandesa que se tornou inspiração para a maioria dos fotógrafos do ramo – Simone, inclusive). Atualmente, ela também vem fotografando crianças um pouco maiores, em função da notoriedade que seu nome conquistou na mídia. “Como uma coisa puxa a outra, comecei a divulgar também o trabalho com esses bebês, montei álbuns para deixar à mostra no estúdio e agora a maioria das clientes que chega lá também quer os ensaios de bebês mais velhos ou de acompanhamento”, diz a especialista, que a seguir fala um pouco das características desse filão e oferece algumas dicas para quem deseja atuar no segmento. Acompanhe:

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Desde quando você faz acompanhamento de bebês? Esse é um segmento recente ou se trata de uma sequência natural do trabalho do fotógrafo newborn? Meu negócio começou mesmo com a fotografia de recém-nascidos. Eu já fazia alguns ensaios de gestantes, mas quando decidi montar o estúdio e me especializar no newborn, deixei todas as outras coisas de lado por um tempo. Depois que já tinha uma clientela maior, e meu trabalho começou a ficar mais conhecido na mídia, comecei a ter procura de clientes que já tinham bebês “mais velhos” e queriam muito fazer fotos deles naquele estilo de recém-nascidos. Então eu achei que havia aí também um nicho de mercado que poderia ser muito interessante, e comecei a fazer esses ensaios. E percebi também que clientes que já tinham feito o ensaio de recém-nascido me procuravam de volta falando que o bebê já tinha mudado tanto e que queriam fazer um novo ensaio.

No que consiste esse tipo de trabalho? Que etapas o fotógrafo precisa cobrir para caracterizar o acompanhamento do bebê? E durante quanto tempo esse acompanhamento é feito? Existem profissionais que trabalham com sessões mensais, ou mini-sessões, que são mais rápidas e com apenas uma ou duas produções. Eu não gosto de trabalhar assim, porque minhas sessões são sempre mais longas, para que eu possa realmente me conectar com o bebê, e dar a ele o tempo necessário para se ambientar, criar confiança e se soltar de verdade. E depois até tirar uma soneca, e então eu aproveito para fazer as imagens dos detalhes de boca, cílios, mãos e pés (impossíveis de fazer com o bebê acordado!) e ainda colocar em alguma cesta ou produção bonita para fazer simplesmente a imagem do bebê dormindo. Então, prefiro trabalhar com intervalos maiores, em torno de três ou até quatro meses, assim registro as diferentes fases do bebê: quando começa a sorrir e sentar com apoio, depois já firmando o corpo, elevado de bruços e sentando sozinho, segurando objetos e brincando com eles, engatinhando… enfim, as diferentes fases do desenvolvimento neurológico. Acredito que quatro a cinco sessões no primeiro ano são suficientes para mostrar o crescimento de forma significativa.

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Você fotografa a gestante, faz as fotos do recém-nascido, depois tem a sessão com o bolo. Qual dessas etapas é a mais desafiadora? E qual a que você mais gosta de fazer? Cada fase tem seu encanto próprio e eu sou completamente apaixonada por tudo que se relaciona com esse universo da maternidade! Para mim, poder trabalhar e conviver com as mamães e seus bebês tem um valor emocional muito grande, pois me permite resgatar e reviver minhas próprias experiências com meus quatro filhos, que já deixaram de ser bebês há um bom tempo. Mas acredito que o mais desafiador mesmo é o trabalho com recém-nascidos, que exige muito conhecimento, prática, cuidados com a higiene, saúde e conforto do bebê, e também da mãe, que acabou de passar por uma cirurgia e normalmente está com os hormônios e as emoções à flor da pele. E requer paciência, muita paciência, e depois mais um pouco ainda de paciência! Mas o resultado é tão apaixonante que compensa qualquer esforço.

A sessão do “Smash the cake”, ou “Destruindo o bolo”, é sem dúvida a mais divertida de todas, pois tanto eu e minhas assistentes como os pais do bebê acabamos entrando na brincadeira, nos divertimos com as reações do bebê, nos sujamos com o bolo e, no final, ainda comemos o que restou dele… Nesses momentos sempre me lembro de uma frase que vejo muito por aí: “Escolha um trabalho que você ama e não precisará trabalhar nem um dia de sua vida”. Não é exatamente verdade, nosso trabalho nunca se restringe só às coisas legais, mas nesses dias é inevitável pensar:”Uau, estou fazendo uma coisa que amo tanto, que fazia por diversão com meus filhos e amigos, dando risada e comendo bolo, e ainda estão me pagando por isso!”

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Como deve ser a relação com o cliente para que ele queira o fotógrafo por perto por tanto tempo? De que maneira o profissional deve se posicionar e o que ele deve fazer para estimular essa continuidade e, digamos, lembrar à família dos momentos que deve marcar com novos ensaios? Acho que o fotógrafo tem que ser verdadeiro, amar realmente o que faz, sentir prazer no que está fazendo, e deixar isso transparecer para o cliente. Mais do que uma sessão, acredito que devo proporcionar aos meus clientes uma experiência de vida, da qual ele sempre vai se lembrar com emoção, com carinho e até com lágrimas nos olhos. E claro, entregar fotos lindas, que capturem toda essa emoção, esse amor que eles estão sentindo, e o seu bebê da maneira mais linda possível. Acredito que entregando um trabalho assim, de alta qualidade, e se conectando com o cliente de forma verdadeira, ele sempre desejará voltar.

Você concorda que esse tipo de trabalho representa uma certa poupança para o fotógrafo, no sentido de que ele terá trabalho garantido por bastante tempo? Como você vê a questão econômica desse trabalho? Sim, fechar um acompanhamento anual não deixa de representar uma garantia de trabalho, eu recebo antecipadamente e só vou prestar o serviço contratado depois de alguns meses. Claro que precisamos dar um desconto para um contrato assim de um ano, e claro que, se o cliente mudar de ideia no meio do caminho, eu ainda terei a obrigação de devolver o dinheiro dele. Nunca me aconteceu, mas é possível e deve estar previsto no contrato. Mas também tenho vários clientes que não fecham pacotes de acompanhamento e preferem simplesmente me procurar sempre que sentem vontade de fazer uma nova sessão. Para mim funciona bem dos dois jeitos.

Por fim, que dicas você poderia dar para quem deseja entrar no ramo? Acho que a primeira coisa é se familiarizar com esse universo, conhecer as fases do desenvolvimento do bebê, os acessórios e os personagens da moda, o que os bebês gostam, o que as mamães fazem e sentem nessa fase e, acima de tudo, se apaixonar pelos bebês! Você também vai precisar de muita paciência, tranquilidade e bom humor, para levar numa boa todos os imprevistos que acontecem nas sessões.

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