A sociedade desnuda na fotografia de Nan Goldin | Grandes Fotógrafas da História
Nan Goldin é uma reconhecida fotógrafa norte-americana. Inspirada pelo fotógrafo Larry Clark, seu trabalho geralmente explora temas polêmicos em nossa sociedade, como LGBT, momentos de intimidade, HIV e uso de drogas. Seu trabalho mais notável é “The Ballad of Sexual Dependency”, de 1986, que documenta a subcultura gay, a família e os amigos de Goldin.
Nan Goldin nasceu em 12 de setembro de 1953, em Washington DC. Ela cresceu em uma família judia de classe média alta em Boston, Massachusetts. Com 11 anos, enfrentou a morte prematura de sua irmã, que tinha 18 anos e cometeu suicídio. Em 1968, quando tinha 15 anos de idade, um professor da escola em que estudava, a Satya Community School, introduziu-a à câmera fotográfica.
Sua primeira mostra solo, realizada em Boston em 1973, foi baseada em suas jornadas fotográficas através das comunidades gays e transexuais da cidade, introduzida no meio pelo amigo David Armstrong. Goldin graduou-se na School of the Museum of Fine Arts, Boston/Tufts University em 1977/1978, onde trabalhou com impressões através do processo de Cibachrome.
Depois de se formar, Goldin mudou-se para Nova York e começou então a documentar o cenário new-wave pós-punk, simultaneamente à subcultura gay no final da década de 1970 e começo da década de 1980. Nan descreve suas fotografias como um “diário visual”. Através da intimidade e do afeto em relação aos seus temas, a autora revela a sua vulnerabilidade, assim como a sua própria admiração pela sexualidade.
O autorretrato mais emblemático da artista foi tirado em 1984, um mês após ser agredida pelo então namorado Brian. Na imagem (acima) a artista olha diretamente para a câmera, com hematomas no rosto e sangue intenso no branco do olho esquerdo. O autorretrato foi tirado para impedir Goldin de esquecer o dano causado pela violência do namorado. Ela aplica a mesma franqueza às vidas de seus amigos íntimos.
“Estes são meus amigos, esta é minha família, esta sou eu mesma. Não há separação entre mim e o que eu fotografo”
Goldin é atraída pelo glamour do mundo das drag queens e travestis. “The Other Side” documenta 20 anos de fotos de drag queens amigas de Goldin. O livro é apresentado em ordem cronológica mostrando a vida íntima de quem a identidade de gênero não se conforma com a regra. Na série “Jimmy Paulette e Taboo! Undressing”, de 1991, dois homens são retratados durante toda a sua transformação de gênero. Como é característico no trabalho de Nan, esse momento de exposição é apresentado com franqueza e empatia.
Em 1991, Goldin muda-se para Berlim, graças ao programa da organização Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD). Em 1996, o Whitney Museum of American Art faz uma retrospectiva do trabalho de Nan chamada “I’ll be your mirror”, que também é lançada em livro. Em 2003 lança uma retrospectiva de sua carreira através do livro “The devil’s playground” e, em 2006, exibe na Matthew Marks “Sisters, saints and sibyls”, um trabalho multimídia, o qual trata sobre a morte da sua irmã, e como ela lidou com isso.
Em 2016, lançou o livro “Diving For Pearls”, que revisita 40 anos de sua obra pessoal, reunindo 400 fotografias, muitas delas novas juntamente com outras que nunca foram publicadas antes, feitas com câmera analógica e com “erros” como exposição dupla ou marca de clipes nos negativos. O nome é uma homenagem ao seu amigo David Armstrong que costumava dizer que fazer uma boa foto era como mergulhar para achar pérolas. Veja abaixo algumas imagens produzidas por Nan Goldin: