A mulher e a fotografia na sociedade atual, por Danny Bittencourt
Neste mês de março, o iPhoto Channel contará com a participação de grandes fotógrafas brasileiras, trazendo a visão de cada uma sobre a mulher no mundo da fotografia. Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 08/03, trazemos à pauta o papel da mulher hoje na fotografia e as influências disso na sociedade.
O primeiro artigo é assinado pela fotógrafa gaúcha Danny Bittencourt, que dirige a Escola de Fotografia Artística e é autora do livro Fotografia Fine Art. Confira:
“Como educadora, noto dois movimentos importantes sobre a figura feminina no âmbito da fotografia. O primeiro está relacionado diretamente com a presença feminina em sala de aula. A totalidade dos cursos que ministro são frequentados pela maioria de mulheres, que buscam sua capacitação e qualificação profissional. Isso reflete diretamente no mercado da fotografia que ganha cada vez mais fotógrafas profissionais competentes, que ocupam todas as áreas que a fotografia oferece, e não somente aquelas relacionadas com a maternidade.
Essa é uma movimentação importante, pois assim como a sociedade diferencia certos cargos estereotipados por gênero, na fotografia isso também acontece. Áreas como a fotografia newborn ou fotografia de família tem uma aceitação muito maior da figura feminina. Isso acontece principalmente pelo estereótipo feminino ser relacionado com a maternidade, a família, a delicadeza. Me faz muito feliz encontrar uma quantidade enorme de mulheres fortes que ocupam a área da fotografia que desejam, seja ela qual for, desde fotografia pericial até fotografia esportiva. Hoje temos grandes fotojornalistas que nos representam brilhantemente; em Porto Alegre temos Adriana Franciosi, Gabriela Di Bella, Camila Domingues entre outras. Temos nas artes também fotógrafas que criticam, que cutucam, que se expressam como Carine Wallauer, Adi Korndörfer.
Outra questão importante é a representação feminina nos trabalhos dos alunos e fotógrafos. Praticamente todos eles discutem essa questão de alguma maneira. Como por exemplo, a objetificação do corpo feminino ou a falta de voz da mulher na nossa sociedade. Claro que isso é um reflexo do momento cultural e social que vivemos, onde o empoderamento da mulher se torna um assunto em pauta. Os alunos, no entanto, se sentem motivados a discutir o assunto, pois sentem que ainda há muito o que dizer, refletir, questionar, desconstruir e principalmente desnaturalizar.
Eu os incentivo, pois acredito que a fotografia é um espaço de expressão muito poderoso, que pode promover mudanças, propor outros pontos de vista, e assim, nos ajudar a evoluir como seres humanos.”