A “linha de montagem” de Roberta Biancalana
Se você já chegou às quatro dezenas como este jornalista, é possível que também tenha como relíquia uma antiga foto escolar. A minha mostra um garoto sardento de dentes desalinhados sorrindo para a câmera, sentado a uma escrivaninha com uma maquete de globo terrestre ao lado e um livro aberto adiante, no jardim da velha Escola Básica Tiradentes. Foi tirada em algum momento da década de 1980. Não lembro as circunstâncias daquele dia.
Memória mais fresca deve ter a fotógrafa paulistana Roberta Biancalana, que há quase trinta anos fotografa gerações de pequenos estudantes. Ela está num momento de revisão da carreira, com vontade de reviver histórias de seus anos de pátios escolares, figurinos e legiões de alunos. Falta-lhe, porém, tempo. Roberta continua a pleno vapor, visitando escolas e se preparando para as datas especiais desse segmento fotográfico que oferece boa clientela e rendimento mais do que razoável.
“Demorei para assumir o digital. No analógico não tínhamos o trabalho todo que temos hoje, e ainda vários cursos de Photoshop, Lightroom e tudo mais que você já sabe. Antes era só fotografar e entregar os filmes para o laboratório, íamos para casa descansar. Hoje não é bem assim: altas madrugadas tratando fotos! Mas precisamos evoluir. Hoje eu me sinto privilegiada por um dia ter sido fotógrafa analógica”, diz a paulistana, que tem aproveitado o escasso tempo livre para digitalizar o material antigo.
Outras coisas mudaram nesse trajeto. Os estúdios ficaram para trás (“hoje acho desnecessário”) e a equipe, que já contou com mais de 50 funcionários, está restrita à fotógrafa, sua irmã e duas ou três auxiliares. Todo o resto é terceirizado. “Eu faço a parte de criação, foto, figurino, cenário, deixo o produto pronto”, explica Roberta.
O trabalho gira em torno das datas comemorativas do calendário escolar. Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal são as principais. Mas logo que inicia o ano letivo a atividade começa, com visitas às escolas para fechar contratos e agendar as sessões, desenvolvimento dos produtos e figurinos, depois o pós-processamento das imagens e procedimentos de entrega e cobrança. Cada campanha exige figurino e cenários novos, pois é preciso trazer novidades. Repetir o tema, só a pedido do cliente.
“Somos os pioneiros em fazer esse tipo de trabalho, fotos temáticas em escola. Quando começamos, não existia esse serviço, eram só aquelas fotos de formatura e de turmas em grupos”, conta Roberta, que começou a fotografar profissionalmente aos 19 anos de idade, pela mão de um funcionário da empresa de publicidade do seu pai, “um japonês que sabia muito de fotografia”.
A empresa fechou um contrato com o canal SBT, para fotografar as crianças que iam ao programa de auditório do palhaço Bozo. “Era esse fotógrafo japonês que fotografava. Assim, ele começou a me ensinar foto estúdio. No ano seguinte começamos a fazer as fotos temáticas em escolas e eu comecei a fotografar. Eu criava figurinos, cenários, fundos, acessórios para as fotos, o que faço até hoje”.
Roberta também faz fotos de família, recém-nascidos, ensaios sensuais e de gestantes. Mas o carro-chefe é a fotografia nas escolas. Um trabalho que ela descreve como sendo “uma loucura”: uma média de 15 mil fotos a cada campanha, 60 a 100 alunos clicados por hora, de 100 a 500 crianças num dia, dependendo do número de escolas agendadas. “Na campanha de Natal, já tivemos anos de ultrapassar 80 mil fotos”, sublinha.
Para essa verdadeira linha de montagem, ela se arma de uma câmera, dois flashes Atek 400 a meia carga, os apetrechos de cena e as fiéis auxiliares, que preparam a molecada para se submeter ao clique. Além da paciência e bom-humor fundamentais para lidar com a turma – sempre disposta a alguma travessura – a fotógrafa precisa ser rápida no gatilho, condição que a longa experiência e o trato com o analógico aprimorou: “São segundos cada clique. É um atrás do outro, todos em fila, meninos e meninas. Costumo mostrar a eles a posição para ficar e peço sorriso”. Simples assim.
Roberta não quer passar por “metida”, mas fala que é vítima constante de plagiadores: “Eles esperam eu lançar o produto para copiar no próximo ano. Já vi cada cópia que quase caí de costas”, diverte-se. Isso porque o mercado é concorrido e ser uma referência tem o seu preço. “Tenho muitos clientes porque faço a diferença, não faço nada comum”, garante, acrescentando que não tem website (apenas perfil no Facebook) para não facilitar as coisas aos espiões.
Ela, porém, está mudando a sua linha de conduta: se não pode evitá-los, por que não treiná-los? “Por tudo isso, estou montando um workshop para o ano que vem. E vou dar suporte aos fotógrafos: eles me entregam a imagem e eu entrego o produto pronto”, planeja.
Já trabalhei com a Roh (Reberta Biancalana)como sua assistente e foi muito prazeroso, uma experiencia incrível, Te parabenizo Roh você merece muito!!! Saudades
Trabalhar com a equipe foi um prazer, eu amo fotografia e isso me agregou mto! Roberta te desejo sucesso cada dia mais! Parabéns pelo seu reconhecimento de teu trabalho! Bjos!
Trabalhar com você é um prazer, sempre inovando e criando, durante estes anos que venho acompanhando seu trabalho só vejo ótimo desempenho e muita capacidade de renovar e criar, parabéns pelo seu reconhecimento e desejo muito mais sucesso.