A influência do processo químico nas fotografias de Sally Mann

A fotografia nasceu para Sally em 1980, quando começou a fotografar seus três filhos Emmett, Jessie e Virginia. Durante todos os verões as crianças tinham suas atividades captadas pela câmera da mãe, uma fotografia intimista que apenas um membro da família seria capaz de realizar, ainda mais sensível quando se trata de uma mãe. Um de seus grandes trabalhos chama-se “Immediate Family” (Família Imediata) onde o crescimento de seus filhos está sendo registrado de forma lúdica. Além das crianças seu marido Larry aparece nas fotografias.

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As fotografias de Sally deixaram de ser vistas como apenas fotografias de família, quando nas décadas de 1980 e 1900 passou a ser alvo de tradicionalistas que indagavam as crianças nuas em suas imagens, e até mesmo o consentimento das mesmas. Neste momento o papel da mãe passou a ser questionado e um grande interesse pelo trabalho de Sally surgiu. Mas as crianças cresceram e o cenário de Sally tornou-se o campo, onde os filhos apareciam de forma aleatória. Nessa época a fotógrafa passou a utilizar os processos fotográficos do século XIX, sua câmera era uma grande formato 8×10.

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Uma chapa de colódio úmida é o meio pelo qual Sally resolveu explorar a ampliação de suas fotografias. O estudo e desenvolvimento do processo começou quando encontrou o negativo de vidro de um de seus lugares preferidos, um penhasco que acompanhou a memória fotográfica de sua vida. Cem anos haviam se passado e o local permanecia o mesmo, Sally então propôs um desafio a si mesma, realizar fotografias utilizando a mesma técnica.

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Após aprimorar a técnica Sally começou a registrar seus filhos, o livro “The Flesh and The Spirit” (A carne e o espírito) mostra essa história e tantas outras que passaram pela vida da fotógrafa, como a doença muscular degenerativa de seu marido. Definitivamente ela desenvolveu um trabalho documental com sua família, invejável de um fotógrafo.

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As fotografias de Sally são portanto bem diferente do que estamos acostumados e ela mesma diz “Eu sou o oposto de muitos fotógrafos que querem tudo realmente fino, polido, limpo, que parecem examinar as fotos com lupas para ter certeza de que elas não têm falhas. Eu não quero nada disso, eu quero que elas sejam misteriosas.” As imagens de Sally vivem, são como organismos, contém rastros de sua técnica. Sua fotografia não termina quando a imagem está apenas captada, ela se transforma com o processo químico de Sally.

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