A arte das coisas pela fotografia: Estrelo um ovo (NSFW)

Há bons e maus… mas não deixam de ser ovos.

A arte tem padrões e realidades, gostos e regras, como tudo. A ideia de que a arte não pode ser julgada e pertence a um estado superior de (in)compreensão, não encaixa em nenhuma teoria de comunicação e muito menos na sua prática.

“starry egg”, por João de Castro

Na realidade a arte deve ser julgada. Senão, para que serve? Se a arte, do que aqui falamos, fotográfica, não se preocupa em atingir a comunicação com o receptor, ser estética ou dar corpo a uma ideia definida, é inútil. E má… apesar do pudor de se dizer que determinada obra é má ou apenas uma masturbação artística do seu autor, muitos receptores, público, dessa arte fica na mesma depois de ser exposto às obras. Pior, fica com a sensação de que a sua insensibilidade e estupidez o privam de algo tão fantástico.

É certo que a arte tem sempre de ser vista à luz do seu tempo e enquadramento histórico, representando a sua época ou o quebrar da mesma. No entanto, a cada tempo e no próprio tempo da obra, a sua utilidade tem de se revelar, senão será um oco e mentiroso testemunho, memória, de algo que acreditaremos ter sido entendido e influente, em algum tempo. Cultura forçada e falsa história dos tempos.

“medusa”, por João de Castro

O direito soberano do autor em produzir livremente trabalho, seja ele comunicação eficaz ou masturbações relevantes, nunca deve ser posto em causa… assim como o dos receptores em julgarem e recusarem. A obra de arte funciona por camadas, extratos de comunicação indicativos e indicadores das mensagens, pelo que diferentes níveis de sensibilidade e educação, cultura, atingem diferentes resultados de compreensão e satisfação. É certo que quanto mais alto é o nível de execução do fotógrafo, comunicação, codificação, mais camadas terá cada trabalho seu e maior será a sua frustração, pois das imensas camadas da sua obra, pouco público as verão a todas. Mas essa é uma realidade comum a todas as artes, sensibilidades e comunicação, não justificando, como muito se faz, que a má obra não se entende porque o público não está preparado…

Se é certo que há muitos palatos e paladares e muitos com pouco gosto, seja o ovo estrelado divino ou apenas frugal… terá de saber a ovo estrelado, a todos.

“nature”, por João de Castro

 

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