“Choque cultural” de Oske na 1500 Babilônia

A partir deste sábado (22), a galeria 1500 Babilônia, no bairro do Leme, Rio de Janeiro, exibe a exposição fotográfica Samsara, do fotógrafo nipo-brasileiro Hirosuke Kitamura, ou apenas “Oske”. São dezesseis imagens que ele fez durante suas viagens à Índia, das quais voltou com forte impressão.

Oske nasceu em Osaka, no Japão, e mora em Salvador (BA). Oriundo da ordeira cultura nipônica, ele ficou bastante impactado com o que viu na Índia: o exotismo e o caos desenfreado das cidades o desnortearam. Apesar disso, o fotógrafo acredita ter percebido uma ordem natural harmonizando as pessoas e a natureza, identificável na profunda serenidade que aquele povo transmite.

“Ainda não consigo compreender exatamente o que eu vi na Índia. Talvez este mundo sem rumo, sem certezas, também seja como o círculo de Samsara, que segue misterioso e me hipnotizando”, afirma Hirosuke, referindo-se ao ciclo de renascimento que está no cerne da crença hindu e dá nome à sua série.

Segundo a filosofia hindu, após a morte a alma vai para Lua, cai com a chuva e passa para as plantas. A planta, ao ser comida pelo homem, é absorvida e se transforma no esperma. Após o sexo, o espírito volta novamente à vida através do nascimento de um novo ser. Esses fenômenos de interligação entre todos os elementos – ambiente, corpo e espírito – aparecem e desaparecem na escuridão, mostrando o círculo infinito de “Samsara”.

Oske procurou dar forma a esse conceito em cenas cotidianas, como o banho no Ganges, a textura da carne crua dos animais, que se transformam pela passagem do tempo. O cenário gerado por essas imagens não expressa alegria, preocupação, tristeza nem raiva, simplesmente vai passando com o silêncio que emana dele.

A exposição, que tem direção de Alex Bueno de Moraes, fica em cartaz até 21 de fevereiro. A galeria está na Rua Marquês de Abrantes, 19, Babilônia. Site: www.1500babilonia.com.