Eu sempre digo a todos os participantes de meus cursos que um livro básico é o História da Arte, do Gombrich, e ele é a ponta de um iceberg, só uma pequena lasca de uma enorme montanha, mas é um ponto de partida didático e importante.
Também digo que as pessoas devem estudar artes como um todo, ou seja, estudar pintura, música, teatro, arquitetura, design, tipografia, artes em geral e não só a arte de sua área de atuação (por exemplo, um fotógrafo estudar fotografia).
Estudando outras artes você pode pegar ideias que não são comuns em sua arte e adaptá-las: a sensação de ritmo da música pode ser trazida para a fotografia ou para a edição de um vídeo, a luz de uma pintura pode ser adaptada fotograficamente, o enquadramento de uma cena de cinema pode ser utilizado num ensaio fotográfico, um trecho de um bom livro pode inspirar uma foto ou um curta-metragem e assim por diante.
O cruzamento de várias ideias vindas de várias manifestações artísticas torna nosso trabalho mais rico e complexo, menos comum e menos previsível.
É necessário parar com o costume que anda se alastrando de fotógrafo participar de um curso com outro profissional e sair dali repetindo uma luz – isso é como ler um livro e sair escrevendo novamente os parágrafos que acabou de ler.
Fotógrafo precisa entender da luz da mesma forma que um escritor precisa entender a língua, e por isso não é plausível viver copiando a escrita alheia.
Há um processo de autoconhecimento que se faz necessário: a luz de um fotógrafo é sua forma de escrever, deve partir de dentro, de suas ideias, crenças, filosofias, gostos, peculiaridades etc. É absolutamente pessoal.
Já disseram que não fazemos fotografia com a câmera, mas sim com tudo aquilo que somos, com nossa vida e nossa cultura. Não poderia existir verdade maior.