Fotografias subaquáticas continuam fazendo tanto sucesso hoje quanto antigamente. Elas provocam algo de misterioso e surreal aos olhos. Jenna Martin trabalha com fine art e é fotógrafa subaquática. Ela deu 10 dicas ao site 500px sobre como melhor fotografar modelos debaixo d’água. Confira:
- Tenha uma mente aberta
Tudo é diferente sob a água. Iluminação, por exemplo, segue princípios diferentes. Luzes precisam ser cerca de 6 vezes mais fortes do que em terra (aproximadamente, dependendo da profundidade e distância do assunto). Lidar com os sinais de rádio também pode ser uma dor de cabeça debaixo d’água. As luzes geralmente precisam ser constantes; luz ambiente ou strobos que são conectados diretamente à câmera.
E não importa quanto tempo você fotografa: estará prestes a entrar em um campo que vai fazer você se sentir como um novato. Se você entrar com uma ideia rígida de como funciona a fotografia, vai rapidamente se ver frustrado e desanimado. Portanto, mantenha a mente aberta e esteja preparado para ver as coisas sob uma nova luz.
- Compre a caixa estanque certa
A fotografia subaquática não é o lugar para se economizar com caixa estanque. Lembre-se: você está colocando muito dinheiro em forma de câmera e lentes debaixo d’água. O mais ínfimo vazamento pode acabar com seu equipamento.
“Meu conselho: se você está apenas querendo se divertir, considere alugar (ou comprar) alguns equipamentos como câmeras de ação, por exemplo GoPro”, aconselha Jenna. Tire algumas fotos e veja como se sente. Se você decidir que debaixo d’água não é para você, pelo menos não vai ter gastado uma boa grana e poderá revender a câmera de ação.
- Saiba que nem toda água é igual
Nossas câmeras veem a luz de uma forma muito diferente de nós. Uma piscina fortemente clorada pode parecer clara para você, mas é uma bagunça nebulosa para sua câmera. Se as fotos estão ficando embaçadas, nubladas, pode haver uma abundância de produtos químicos na água que você não está vendo, mas sua câmera está.
“Na minha experiência, descobri que não há nada melhor do que um lago claro, de água doce; em seguida, a água salgada clara e por último uma piscina de água salgada. Vou evitar fotografar em uma piscina com cloro na água a todo o custo”, diz Jenna. Há também outros fatores que entram em jogo. Oceanos têm correntes e animais potencialmente perigosos, como água-viva. Lagos de água doce são incrivelmente claros, mas podem ser muito frios. É preciso cautela na escolha e consciência daquilo que você irá lidar.
- Use lente grande angular
Para reduzir a quantidade de água entre o objeto e sua câmera, você vai querer fotografar o mais perto de seu assunto quanto possível. “Eu, principalmente, fotografo em uma distância focal em torno de 25mm”, conta a fotógrafa. “Uma lente mais longa e eu tenho dificuldade de manter o objeto enquadrado, além de começar a ter problemas com foco e claridade. Mais ampla e haverá muita distorção na imagem”.
Mas isso não quer dizer que você não pode quebrar regras. Se estiver fotografando em um ambiente em que a distorção não importa (por exemplo, sobre um fundo completamente preto), pode clicar com algo tão amplo quanto uma lente 8 mm. Para close-up e trabalho de retrato, pode fotografar mais de perto com lentes 40 ou 50mm.
- Aprenda a afundar
A chave para permanecer debaixo d’água não é prender a respiração, mas sim colocar todo seu ar para fora. Quanto menos ar em seus pulmões, mais fácil você se mantém lá embaixo. Parece bastante assustador no início, mas logo você vai aprender a trabalhar com o ar residual em seus pulmões. E quanto mais você fizer isto, mais tempo você aguentará debaixo da água.
Para algumas pessoas, porém, o pensamento de colocar todo o seu ar para fora antes de mergulhar pode ser assustador. Neste caso, você pode usar equipamentos de mergulho.
- Seja paciente com seus modelos
Modelagem debaixo d’água é incrivelmente difícil. Os modelos estarão em novas condições de modelagem, com água subindo pelo nariz quase o tempo todo. Eles também mal podem ver a câmera. Além disso, desde que você não pode falar debaixo d’água, eles nem sequer saberão se o que estão fazendo é o que você está querendo que façam. E não só seus modelos, mas você também vai precisar se adaptar a fotografar em um ambiente próximo à gravidade zero.
Para a maioria dos modelos, primeiro precisarão praticar, colocando todo o ar para fora e afundando. Uma vez que se pega o jeito, o foco é para expressões faciais. A maioria das pessoas naturalmente faz uma variedade de poses faciais pouco atraentes debaixo d’água, como olhos e nariz pequenos, bochechas de esquilo ou “lábios de peixe” (a versão subaquática do “cara de pato”, a conhecida duckface das selfies).
Depois de aprender a manter o rosto natural e descontraído, é hora das poses corporais. “Eu tento dar aos meus modelos uma lista de poses antes da sessão de fotos para que eles possam praticá-las em terra antes de ir para baixo d’água. Em seguida, durante as fotos, eu guio eles lentamente ao longo do processo, sugerindo pequenas mudanças de cada vez”. Outra dica é prestar atenção no que o modelo está sentindo. Você precisa saber se a água está muito fria ou não, ou se o modelo ficou tonto ou não, entre vários outros detalhes que demandam atenção.
- Aprenda a fotografar rápido
Mesmo que a água não esteja fria, um longo dia de fotos vai cansar rapidamente tanto modelo quanto fotógrafo. Seu modelo terá água que entra no nariz e nos ouvidos enquanto tenta mover-se em diferentes poses. Você vai ficar exausto de tentar manobrar a câmera debaixo d’água. Vai engolir muita água e ambos irão sentir-se mal em algum momento. “Eu gosto de manter algumas garrafas de água doce nas proximidades, bem como uma caixa de biscoitos para ajudar a combater o mal estar que a água provoca”, conta a fotógrafa Jenna Martin.
Do ponto de vista de fotografia, o clique rápido é importante porque as coisas mudam debaixo d’água, principalmente a maquiagem e a textura da pele. Portanto, este é o lugar onde um bom planejamento vem a calhar. Se todo mundo sabe exatamente o que você quer antes mesmo de entrar na água, as coisas vão naturalmente se mover muito mais rápido.
- Tenha ajudantes
Quaisquer mãos extras em uma sessão de fotos submarina vão ser de ótima ajuda. Se você tem iluminação ou outro equipamento que está em terra, fora do alcance, é muito mais fácil ter um assistente para ajustá-lo, ao invés de ter que sair da água e mover todo o equipamento sozinho.
Além disso, fotografia debaixo de água pode ser um pouco perigosa às vezes, especialmente quando o modelo não está usando algo que normalmente se usa debaixo d’água. Grandes vestidos podem ficar enroscados, adereços podem tornar-se pesados ou o modelo pode ficar desorientado ao tentar fazer certas poses. Mãos extra no convés vão ajudar a tornar seu trabalho mais fácil, mantendo a segurança de todos.
- Abrace o pós-processamento
Todas essas brilhantes fotos subaquáticas que você vê na internet, mesmo aquelas de Bruce Mozert, não são apenas trabalho da câmera. Clicar através da água tira a clareza e nitidez da imagem, adiciona um monte de fundo material (bolhas, retroespalhamento, reflexões claras), para não mencionar problemas com cor.
Se as suas imagens não ficam 100% direto da câmera, não fique frustrado. Você não precisa sair e comprar alguns milhares de reais em equipamentos de iluminação; provavelmente só precisa usar algumas técnicas de pós-processamento adequadas para resolver esses probleminhas.
- Entenda que isso leva tempo
Fotografia subaquática não é fácil. É fisicamente desgastante, demorada e é potencialmente muito cara. “Quando eu comecei, voltava para casa encharcada e doente, com olhos vermelhos, coceira nos olhos, dor no ouvido e cerca de 10 mil imagens para escolher e tirar apenas 2 boas”, lembra Jenna. “Mas, mesmo assim, eu estava completamente viciada”.
Não seja muito duro consigo mesmo no começo. Há uma grande quantidade de componentes que precisam se unir para fazer uma fotografia bem sucedida, e isso também demanda um monte de prática para chegar a esse ponto. Trabalhe um dia de cada vez, e você vai chegar lá antes do que pensa.