Evandro Teixeira: a vida após o JB

Foto: Evandro Teixeira
A tomada do Forte de Copacabana, em 1964, registrada por Evandro Teixeira

Quando deixou de circular em papel, em setembro de 2010, o Jornal do Brasil também deixou de ser a casa de Evandro Teixeira. Durante 47 anos, Evandro trabalhou para o JB, cobrindo os eventos mais marcantes desse período, das passeatas estudantis na ditadura a copas do mundo e atos presidenciais. Entre uma pauta e outra, ele também achou tempo de desenvolver um elogiado trabalho autoral, e o conjunto da obra o colocou, há muito tempo, entre os mais importantes fotojornalistas brasileiros.

O fim do longo ciclo no centenário jornal carioca não significou a aposentadoria. Aos 76 anos de idade, o fotógrafo, que nasceu no interior da Bahia e passou pelo Diário de Notícias de Salvador (BA) e pelo Diário da Noite, no Rio, antes de chegar ao JB, em 1963, continua em plena atividade. Conversamos com Evandro para saber por onde anda e o que tem feito desde então:

Foto: Evandro Teixeira
Evandro fotografou as manifestações e a repressão durante a ditadura militar (foto: Evandro Teixeira)

Primeiro, estou curioso em saber como ficou sua vida depois que saiu do JB. Foram quantos anos de casa? Foram muitos anos de casa. Uns 50. Uma vida, né? Mas, mesmo ainda nos tempos de JB eu conseguia me dedicar aos meus ensaios paralelamente [Evandro publicou três livros: Fotojornalismo (1983), Canudos 100 anos (1997) e 68 Destinos (2008)]. Agora, com o tempo mais livre, a dedicação é total. O que você está fazendo atualmente?Viajando para registrar novos universos, realizando várias palestras e workshops.

Foto: Evandro Teixeira
Imagem do livro "Canudos 100 anos", lançado em 1997 (foto: Evandro Teixeira)

E como que é, depois de tanto tempo de redação, estar mais solto para fazer o que quiser? Tudo tem o seu lado bom e o lado meio estranho de uma mudança depois de tanto tempo. Mas isso é que faz a vida ser surpreendente. E você deve saber tirar proveito de todas as oportunidades que aparecem. Você acha que o que aconteceu ao JB deve ocorrer, de modo geral, à imprensa, os jornais deixando de circular em papel? Não gosto de pensar nisso. Não acredito no fim do jornal impresso. Acredito que novas mídias surgiram e o comportamento dos leitores, de um modo geral, também mudou. O caso JBjá era um caso complicado antes dessa mudança.  Havia problemas de gestão que, talvez, tenham sido agravados com essa mudança de cultura. Mas não podemos generalizar.

Foto: Evandro Teixeira
Evandro produziu imagens para ilustrar livro sobre o clássico "Vidas Secas"

Como você, com toda a sua experiência, avalia o fotojornalismo de nossos dias, com essa velocidade absurda de transmissão de imagens e informações, redações reduzidas, coletivos fotográficos, convergência entre foto e vídeo etc.?

Foto: Divulgação
Evandro durante o documentário sobre Canudos, com uma personagem do livro (foto: divulgação)

Sensacional. A tecnologia trouxe rapidez e democratizou a informação. Uma foto que registrou um momento importante em algum lugar do mundo rapidamente é divulgada em tempo real. Com relação ao seu trabalho, nesse tempo todo ficou alguma coisa para trás, algum tema que você gostaria de cobrir, documentar e ainda não tenha feito? Acho que não… Fiz de um tudo. E o que o motiva ainda na fotografia? A paixão pelo meu trabalho.  E qual o barato disso ainda, depois de tanto tempo de serviços ao fotojornalismo?Perceber que parece que o tempo não passou. Lógico, tenho outra, ou melhor, muito mais idade. Mas a busca pelo novo, pelo diferente ainda se mantém.

Foto: Evandro Teixeira
Foto da Passeata dos 100 mil que deu origem ao livro "68 Destinos" (foto: Evandro Teixeira)

Artigos relacionados

Evandro Teixeira: a vida após o JB

Foto: Evandro Teixeira
A tomada do Forte de Copacabana, em 1964, registrada por Evandro Teixeira

Quando deixou de circular em papel, em setembro de 2010, o Jornal do Brasil também deixou de ser a casa de Evandro Teixeira. Durante 47 anos, Evandro trabalhou para o JB, cobrindo os eventos mais marcantes desse período, das passeatas estudantis na ditadura a copas do mundo e atos presidenciais. Entre uma pauta e outra, ele também achou tempo de desenvolver um elogiado trabalho autoral, e o conjunto da obra o colocou, há muito tempo, entre os mais importantes fotojornalistas brasileiros.

O fim do longo ciclo no centenário jornal carioca não significou a aposentadoria. Aos 76 anos de idade, o fotógrafo, que nasceu no interior da Bahia e passou pelo Diário de Notícias de Salvador (BA) e pelo Diário da Noite, no Rio, antes de chegar ao JB, em 1963, continua em plena atividade. Conversamos com Evandro para saber por onde anda e o que tem feito desde então:

Foto: Evandro Teixeira
Evandro fotografou as manifestações e a repressão durante a ditadura militar (foto: Evandro Teixeira)

Primeiro, estou curioso em saber como ficou sua vida depois que saiu do JB. Foram quantos anos de casa? Foram muitos anos de casa. Uns 50. Uma vida, né? Mas, mesmo ainda nos tempos de JB eu conseguia me dedicar aos meus ensaios paralelamente [Evandro publicou três livros: Fotojornalismo (1983), Canudos 100 anos (1997) e 68 Destinos (2008)]. Agora, com o tempo mais livre, a dedicação é total. O que você está fazendo atualmente?Viajando para registrar novos universos, realizando várias palestras e workshops.

Foto: Evandro Teixeira
Imagem do livro "Canudos 100 anos", lançado em 1997 (foto: Evandro Teixeira)

E como que é, depois de tanto tempo de redação, estar mais solto para fazer o que quiser? Tudo tem o seu lado bom e o lado meio estranho de uma mudança depois de tanto tempo. Mas isso é que faz a vida ser surpreendente. E você deve saber tirar proveito de todas as oportunidades que aparecem. Você acha que o que aconteceu ao JB deve ocorrer, de modo geral, à imprensa, os jornais deixando de circular em papel? Não gosto de pensar nisso. Não acredito no fim do jornal impresso. Acredito que novas mídias surgiram e o comportamento dos leitores, de um modo geral, também mudou. O caso JBjá era um caso complicado antes dessa mudança.  Havia problemas de gestão que, talvez, tenham sido agravados com essa mudança de cultura. Mas não podemos generalizar.

Foto: Evandro Teixeira
Evandro produziu imagens para ilustrar livro sobre o clássico "Vidas Secas"

Como você, com toda a sua experiência, avalia o fotojornalismo de nossos dias, com essa velocidade absurda de transmissão de imagens e informações, redações reduzidas, coletivos fotográficos, convergência entre foto e vídeo etc.?

Foto: Divulgação
Evandro durante o documentário sobre Canudos, com uma personagem do livro (foto: divulgação)

Sensacional. A tecnologia trouxe rapidez e democratizou a informação. Uma foto que registrou um momento importante em algum lugar do mundo rapidamente é divulgada em tempo real. Com relação ao seu trabalho, nesse tempo todo ficou alguma coisa para trás, algum tema que você gostaria de cobrir, documentar e ainda não tenha feito? Acho que não… Fiz de um tudo. E o que o motiva ainda na fotografia? A paixão pelo meu trabalho.  E qual o barato disso ainda, depois de tanto tempo de serviços ao fotojornalismo?Perceber que parece que o tempo não passou. Lógico, tenho outra, ou melhor, muito mais idade. Mas a busca pelo novo, pelo diferente ainda se mantém.

Foto: Evandro Teixeira
Foto da Passeata dos 100 mil que deu origem ao livro "68 Destinos" (foto: Evandro Teixeira)

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *