10 livros para ler antes de clicar

A arte fotográfica vai muito além de um simples apertar de obturador. Ela é uma forma de comunicação, de expressão, o que pressupõe uma boa dose de reflexão antes de se partir para a prática – caso o objetivo esteja além de um mero registro. Nesse sentido, se aprofundar no estudo tanto da técnica quanto da filosofia embutida na arte fotográfica é o meio mais seguro para o entusiasta encontrar seu próprio caminho, sua expressão.

Com o intuito de auxiliar nessa busca, selecionamos dez livros que analisam a fotografia como uma forma de pensamento. São reflexões sobre essa arte que convidam o fotógrafo a encarar questões que vão além da estética. Confira:

1. PROUST E A FOTOGRAFIA (Brassaï) – Testemunha histórica do surgimento da fotografia e entusiasta de primeira hora, Proust foi capaz de entendê-la como um fato total. De imediato, a percebeu como uma nova forma de experiência, capaz de concentrar um mundo num instante. Não só a escrita proustiana em muitos momentos é fotográfica ao descrever personagens, cenas e episódios, como explora a recorrente metáfora entre fotografia e memória involuntária.

Proust e Brassaï são dois dos mais finos observadores – na vida social e na paisagem urbana – da cidade que primeiro se entregou incondicionalmente à fotografia: Paris. O livro é a última obra de Brassaï, que morreu pouco tempo depois de concluir o manuscrito, e inclui 16 páginas com reproduções de suas fotografias.

2. A FOTOGRAFIA: ENTRE DOCUMENTO E ARTE CONTEMPORÂNEA (André Rouillé) – A fotografia é o objeto do livro, seja em sua pluralidade, suas transformações – do documento à arte contemporânea – seja em sua historicidade, desde seu aparecimento, na metade do século 19, até a fusão arte-fotografia da atualidade.

3. SOBRE FOTOGRAFIA (Susan Sontag) – Sobre Fotografia é um livro que fez história no âmbito dos estudos da imagem. Publicado originalmente no Brasil em 1983, reúne seis ensaios escritos na década de 70, em que a romancista e filósofa Susan Sontag analisa a fotografia como fenômeno de civilização desde o aparecimento do daguerreótipo, no século 19. O resultado é uma história social da visão, demonstrando seu lugar central na cultura contemporânea. Sontag extrapola os domínios da técnica da fotografia, enfoque que desliga a prática fotográfica do quadro social que a inventa e a consome. Abrangentes e reflexivas, as análises dialogam com a filosofia, a sociologia, a estética e a arte pictórica.

4. A CÂMARA CLARA (Roland Barthes) – A Câmara Clara não é um tratado sobre a fotografia como arte, nem uma história sobre o tema. Como em muitos de seus trabalhos, Barthes rejeita os caminhos mais percorridos e se lança à tarefa de decifrar o signo expressivo, o objeto artístico, a “obra” entendida como mecanismo produtor de sentido.

5. TUDO SOBRE FOTOGRAFIA (Juliet Hacking e David Campany) – O livro traça um panorama da fotografia, inserindo-a no contexto dos desdobramentos socioculturais ocorridos desde o seu surgimento. Organizado cronologicamente, ele acompanha a rápida evolução do estilo fotográfico, período a período e movimento a movimento. Ensaios analisam cada gênero, desde os primeiros retratos até as montagens manipuladas digitalmente e os trabalhos conceituais contemporâneos.

6. O FOTOGRÁFICO (Etienne Samain) – Vinte e seis qualificados profissionais (pesquisadores brasileiros e europeus) tentam decifrar os múltiplos significados que a fotografia vem incorporando desde a sua criação. Este livro é fonte de inspiração para quem quer descobrir a fotografia não tanto como um objeto (uma imagem), e sim como uma maneira de ver e de pensar o mundo, o tempo, a história, a arte e os homens.

7. ESTÉTICA DA FOTOGRAFIA: PERDA E PERMANÊNCIA (François Soulages) – Neste livro, o autor descreve os contornos da estética da fotografia e, dessa forma, permite ao leitor perguntar-se sobre o status de arte que ela pode ter, enfocando as questões teóricas que não deixam de surgir. Uma reflexão que se apoia sobre a análise de diversas obras fotográficas.

8. 8X FOTOGRAFIA (Lorenzo Mammi, Lilia Moritz Schwarcz) – Nos oito ensaios deste livro, professores, críticos e um fotógrafo profissional partem de uma fotografia escolhida livremente para refletir sobre imagens e fotógrafos, e também sobre outras formas de arte, sobre o tempo, a política e a memória.

9. O INSTANTE CONTÍNUO: UMA HISTÓRIA PARTICULAR DA FOTOGRAFIA (Geoff Dyer) – Uma conversa sobre fotografia, cheia de conexões surpreendentes e observações perspicazes. Para Henri Cartier-Bresson, o objetivo da fotografia era captar o momento decisivo de uma cena ou evento. Geoff Dyer, que não é fotógrafo, mas escritor, está interessado em captar o oposto: a continuidade, os temas que se repetem e se renovam, as fotos que dialogam umas com as outras ao longo da história da fotografia. Longe do manual acadêmico e dentro da melhor tradição do ensaio, este livro é como uma boa conversa, em que um assunto puxa outro livremente, ao sabor da inspiração. Sem o rigor classificatório e a abordagem cronológica, Dyer parte de um ponto qualquer (por exemplo, a foto de um cego feita por Paul Strand) para nos levar por uma reflexão muito pessoal pelo mundo da fotografia, centrada em temas, motivos, cenas, objetos, gestos que se repetem e reaparecem sob novos ângulos e roupagens na obra de fotógrafos importantes, como Alfred Stieglitz, Walker Evans, André Kertész, Diane Arbus e Nan Goldin. Descontraído e bem-humorado (às vezes abertamente sarcástico), recheado de imagens, mas também de conclusões inesperadas e comentários perspicazes, bem como fofocas saborosas sobre as perigosas relações entre fotógrafos, O Instante Contínuo é motivo de prazer constante na leitura.

10. CARTAS A UM JOVEM FOTÓGRAFO (Bob Wolfenson) – No imaginário coletivo, a figura do fotógrafo de moda vem envolta numa aura de glamour que nem sempre condiz com a realidade. Por outro lado, dizer que não há glamour nenhum e que a vida é só integridade, concentração, foco e trabalho, seria tirar o verniz e o charme dessa atividade tão atraente. Cartas a um jovem fotógrafo conta um pouco dessa profissão, do ambiente que a cerca e das armadilhas, do ego e do mercado, que podem surgir na vida de qualquer um que decida usar a câmera como ofício e forma de expressão. Em uma linguagem clara e objetiva, este livro traz as dificuldades, prazeres, oportunidades, ilusões e a realidade de uma profissão que se alimenta da criatividade e da sensibilidade.

 

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