Flash remoto: três formas de usar

Não faz muito tempo, publicamos aqui no Photo Channel um texto sobre o uso do flash (ou dos flashes) fora da câmera. A técnica, que tem sido chamada por muitos de “strobist”, apresenta grandes vantagens, a começar pelo custo – flashes portáteis saem mais em conta que um conjunto de tochas e geradores. São mais práticos também. E o resultado pode ser tão bom quanto qualquer aparato mais sofisticado de iluminação.

Desta vez, o fotógrafo carioca e professor de fotografia Léo Neves apresenta as três possibilidades de disparo do flash fora da câmera. Antes, porém, ele faz uma observação: “Strobist, na verdade, é o título do blogue de um sujeito chamado David Hobby. Ele fazia fotos com o flash fora da câmera e divulgava as informações de configuração e equipamentos usados. Ele chamava de ‘strobist info’. O blogue ficou muito popular e vários fotógrafos começaram a fazer e divulgar as configurações de suas próprias fotos usando o termo ‘strobist info’. ‘Strobist’ acabou virando um termo usado para dizer que o flash dedicado foi usado remotamente, fora da câmera. Mas não era uma técnica nova, já era muito comum fotógrafos usarem o flash fora da câmera para diversos tipos de fotos, até mesmo quando não existiam os sistemas de disparo por infravermelho”, esclarece Léo, que não é muito fã de estrangeirismos. Para ele, “workshop” é oficina e ponto.

Voltando à questão das formas de disparo, a primeira que ele cita é feita via infravermelho: um flash dedicado na sapata da câmera (ou mesmo o flash incorporado da câmera) dispara um sinal infravermelho que aciona o flash remoto. “Nesse sistema, é possível usar com o flash remoto o modo TTL, travamento de exposição, o sincronismo em alta velocidade e todas as funcionalidades do flash como se ele estivesse na sapata da câmera”, explica.

Além disso, Léo diz que é possível controlar o segundo flash diretamente da câmera, sem necessidade de ir até o flash remoto. A desvantagem desse modo é o alcance muitas vezes limitado (dependendo do flash usado como mestre, para disparar o remoto) e a necessidade de ter contato visual entre os dois flashes, mestre e escravo. “Existe um sensor no flash dedicado que recebe esse sinal. Um vidro preto que fica ao lado do flash (Nikon) ou na parte da frente (Canon). Qualquer bloqueio pode cortar o sinal do flash mestre e o escravo não dispara”. Assim, não é possível esconder um flash atrás de uma parede para iluminar outra sala ao fundo, exemplifica. Outro problema seria fazer fotos ao ar livre em dias de muito sol. A luz do sol pode “confundir” o sensor do flash remoto, impedindo que ele “perceba” o flash mestre disparando.

Léo ressalta que boa parte das câmeras Nikon e algumas da Canon podem fazer o disparo remoto com infravermelho por meio do flash incorporado da câmera. Nesse caso, o próprio flash incorporado (embutido no corpo da câmera) faz o papel do mestre. A maneira de executar esse procedimento pode ser vista no manual da câmera. “Quando a câmera não tem essa função, aí o fotógrafo recorre a dois flashes, um mestre em cima da câmera e o segundo remoto. Existe também, tanto na Nikon quanto na Canon, um transmissor infravermelho específico, que não dispara flash, apenas o sinal infravermelho”, informa.

A segunda possibilidade seria o uso de um sistema de radio flash. Um aparelho transmissor de ondas de rádio é colocado na sapata da câmera e um receptor é ligado ao flash, por sapata ou cabo. “Geralmente, não é possível usar os modos TTL e outras funções, mas existem rádios com essas funções, geralmente um pouco mais caros que os modelos mais comuns”. Nos modelos mais simples, o flash só vai funcionar em modo manual e o fotógrafo precisa ir até o flash fazer qualquer alteração na carga. Como é um sinal de rádio, não vai acontecer o problema do bloqueio do sinal, sendo possível colocar o flash atrás de paredes e outros bloqueios.

“Existem vários modelos de rádio flash no mercado. Alguns mais estáveis e cheios de funções – permitindo até controlar a carga do flash remoto direto do próprio transmissor – até os mais baratos e, às vezes, instáveis, que podem deixar o fotógrafo na mão algumas vezes. Um cuidado que o fotógrafo precisa tomar com os rádios é sempre checar as pilhas dos transmissores e receptores”, alerta o fotógrafo.

Ele também lembra que a Canon lançou recentemente o flash Speedlite 600EX-RT, que conta com um sistema próprio de disparo por rádio, além de infravermelho. Com ele foi lançado o transmissor ST-E3-RT, que pode disparar o flash como mestre remotamente, ou então disparar flashes mais antigos via infravermelho. É possível ainda usar dois flashes 600EX-RT, mestre e escravo, no sistema de rádio. Porém, fique atento: “Existe também o flash 600EX (sem RT), que não tem rádio, só infravermelho. Muita gente se confunde e acha que a câmera 5D Mark III tem rádio embutido, e isso não é verdade. Para disparar o 600EX-RT por rádio com a Mark III, só mesmo com o transmissor ST-E3-RT ou usando um outro 600EX-RT como mestre”.

Por último, temos a fotocélula, um dispositivo sensível à luz que aciona o flash remoto. “Alguns flashes da Nikon têm esse sistema embutido no flash (chamado su-4). Na Canon, ou em modelos Nikon sem a função su-4, só mesmo com a célula externa, na sapata do flash. Nesse sistema, qualquer flash pode disparar o flash remoto, até mesmo uma câmera compacta. Não é indicado para ocasiões onde outras pessoas estarão fotografando também, mas pode ser uma opção barata para quem faz ensaios onde só um fotógrafo vai disparar o flash”, destaca Léo.

Qual escolher? “O ideal é cada fotógrafo se adaptar ao que melhor lhe atender. Eu, por exemplo, não costumo ‘esconder’ o flash, então o infravermelho me atende perfeitamente. Mas tenho um kit de rádio, por precaução. Às vezes uso algum flash na fotocélula”, observa Léo, que recomenda o uso do flash remoto tanto em estúdio como em locações. “O flash dedicado, por ser compacto e prático, dá uma versatilidade absurda para o fotógrafo. Um fotógrafo de casamentos, por exemplo, pode usar o flash com uma sombrinha para um ensaio de noivos e, no dia do casamento, posicionar o flash na contraluz durante a festa”, sugere.

Daniel Mitsuo, fotógrafo de São Paulo, também exalta a praticidade do sistema: “A vantagem é a mobilidade. Não ocupa espaço, dá pra levar pra onde quiser, não pesa na mochila e não precisa de fonte de energia extra”, enumera Fore, como é mais conhecido o fotógrafo. “A desvantagem é a potência da luz. Em um dia ensolarado, por exemplo, vai ser mais difícil conseguir a luz desejada, mas nada impossível, até porque, assim como num estúdio, você usa quantos flashes quiser ao mesmo tempo”, completa o paulistano, que usa um transmissor infravermelho para disparar seu flash remoto. “Algumas vezes uso um softbox feito para utilizar com esse tipo de flash para deixar a luz mais difusa”, acrescenta.

“Um recurso bacana é usar mais de um flash. É possível iluminar o ambiente, acrescentar uma luz de recorte, preencher sombras – o céu é o limite”, garante Léo Neves. “Existem as gelatinas, que modificam a cor da luz do flash. É um recurso legal também”, recorda. O carioca afirma que 90% do seu trabalho são feitos com o flash fora da câmera, mas receita bom senso: “Já passei por situações em que percebi que posicionar o modelo na própria luz ambiente dava um resultado melhor que montar minha própria luz, então abri mão. Mas não é necessariamente um impedimento. Aí é mais uma questão de feeling”, acredita. Nas fotos, alguns trabalhos de Léo Neves com o flash remoto. Clique aqui para ver como foram feitas.

Foto feita apenas com luz ambiente: escolha é “questão de feeling”, diz Léo Neves

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