Antoine D’Agata e o registro cru da realidade

Sombras, vultos, violência, espontaneidade, e experiências vividas podem ser apenas algumas palavras que resumem o trabalho de Antoine D’Agata, membro da agência Magnum. Suas fotografias e ensaios são o resultado de uma imersão no tema, sendo a vida marginalizada sua escolha. As imagens produzidas por D’Agata talvez agradem poucas pessoas, já que não são todas que podem entender o que acontece naquele cenário sombrio.

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Foi no México que seu estilo de vida “em excesso” lhe rendeu boas fotografias que mostravam a vida de prostitutas e usuários de drogas. A aproximação com o assunto e forte tema retratado chamou a atenção de professores da International Center of Photography (ICP) de Nova York que convidaram D’Agata para estudar na escola.

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As fotografias de D’Agata são um exemplo do que poucos fotógrafos conseguem fazer. A melancolia é visível em imagens que traduzem o estilo de vida do fotógrafo. D’Agata começou a fotografar depois de viajar pela Europa e Américas, e usar da fotografia como uma forma de manter-se em controle, já que passava por um período difícil, em que via seus amigos morrerem de AIDS.

MEXICO. Nuevo Laredo. 1991.

Em uma entrevista para a revista Emaho, D’Agata explica porque acredita que suas fotografias tocam as pessoas de uma forma diferente. “Acredito que a razão pela qual meu trabalho vai tão fundo se deva ao usual da fotografia, tão formatada, bonita, limpa e segura que, quando surge algo que não é normal, pronto para ser consumido, isso provoca reações fortes, machuca as pessoas, faz com que elas pensem, sintam as imagens”.

GUATEMELA, PUERTO SAN JOSE.

Quando D’Agata afirma, durante uma entrevista à revista Gomma, que o que faz não é “fotografia pela fotografia” fica claro o seu sentimento e crítica. “Não acredito na fotografia como uma arte ou um trabalho. Penso nela como linguagem, e acredito que uma linguagem deva ser usada para expressar o que alguém tem a dizer. Portanto, tudo o que tenho a dizer sobre a minha vida e o que sei do mundo é a forma como vejo as coisas”.

A violência faz parte das fotografias de D’Agata, que diz ser parte fundamental do processo, e que há outras violências piores do que a física. O fotógrafo levou algumas punhaladas enquanto estava no México, em 2015, apanhou muito quando tentaram roubar sua câmera no Brasil, e perdeu um olho quando brigou com a polícia e levou três tiros. D’Agata acredita que a essência da fotografia é explorar e mudar a percepção sobre o mundo, mas que andamos esquecendo isso.

MEXICO. Tijuana. 2000.

FRANCE.

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