Revista de fotografia é voltada 100% para fotos em Preto e Branco

É muito difícil encontrar um fotógrafo que não goste de fotografia em preto e branco. Diria até que quase impossível. E existem aqueles que tem uma paixão especial pelas imagens em P&B. Entre estes grandes amantes do Black and White está o fotógrafo Tyto Neves. Tyto, que em 2015 criou o concurso Eu Amo Preto e Branco, agora lança a revista voltada exclusivamente ao gênero P&B no Brasil, a Revista PBMAG.

A capa da PBMAG #1
A capa da PBMAG #1

A revista – a princípio em formato digital – veio para dar continuidade ao concurso fotográfico Eu Amo Preto e Branco. A revista é que sua publicação é 100% em preto e branco (inclusive a publicidade deve seguir essa regra!). Com publicação trimestral, a revista conta com 128 páginas e pode ser lida diretamente no portal da PBMAG.

Micael Aquillah
Micael Aquillah

Confira abaixo a entrevista exclusiva para o iPhoto Channel do fotógrafo Tyto Neves, idealizador da revista e também autor do livro Retratos de Família. Tyto conta sobre a importância da revista no cenário nacional, explica como os fotógrafos podem participar e nos fala sobre seu amor por preto e branco.

Rafael Petrocco
Rafael Petrocco

iPhoto Channel – A ideia de criar uma revista voltada ao preto e branco surgiu em 2004, certo? Como foi a trajetória até a revista nascer?

Tyto Neves – Foi um longo processo de estudo e aprendizado para lançar a revista. Fazer uma revista de fotografia é uma tarefa muito além do que criar um PDF e disponibilizar. É preciso ter comprometimento e respeito com o mercado. Trago nas veias (e em minha mão direita – literalmente) reflexos do mercado gráfico. Antes de trabalhar com arquitetura e depois com fotografia, trabalhei em jornal e gráfica – até sofrer um acidente grave – porém sempre desejei ter uma revista.

Esse desejo foi se moldando ao longo dos anos, e caminhando para a vertente da fotografia em preto e branco, quando fiz meu curso de laboratorista P&B na escola Focus. A mesma sensação de ver uma foto ser revelada é poder ver um projeto ser impresso. Aliás, me recordo do momento em que, ao lado do Altair Hope, vimos as primeiras páginas do Retratos de Família serem impressas. É uma sensação incrível. Depois que lançamos o livro Retratos de Família, foram praticamente 3 anos de viagens com cursos, workshops e congressos – tempo em que tive a oportunidade aprender mais e aprimorar a base de criação da revista.

Marcos Amend
Marcos Amend

Claro, a PBMAG é digital, mas as plataformas mudaram, portanto é preciso se adequar ao mundo digital. Criei a hashtag #euamopretoebranco, lançamos o concurso com adesão de 12 países e praticamente todos Estados Brasileiros – só faltou o Acre. Sou organizador de concursos de fotografia e a cada concurso realizado publicamos uma revista sobre o concurso. Quando estávamos comemorando os resultados do concurso #euamopretoebranco minha filha perguntou: “Papai, você vai publicar um revista em preto e branco?””. Gelei né? Pensei, cara…agora é o momento! Imediatamente lembrei da resposta que dei em 2004 para um aluno, numa ONG onde eu lecionava. Vou lançar uma revista 100% preto e branco, inclusive com os anúncios. Por isso adotamos o  Genuinamente preto e branco. E realmente, esse foi o momento. A PBMAG nasceu!
iC – Por que a sua escolha do preto e branco? O que significa para você, num âmbito pessoal?
Tyto – Minha primeira lembrança quando penso em fotografia, são as fotografias que meu pai fez de minha infância. Todas em preto e branco. Sempre fui um admirador da arte preto e branco – talvez por isso sejamos corintianos (risos). Chega a ser engraçado, mas  a fotografia em preto e branco é parte integrante de nossa família. Explico: Meus filhos preferem as fotos em preto e branco. Quando saímos para fotografar, eles querem fotografar diretamente em preto e branco, na câmera. E veja, não sou um pai que impõe sua opinião, esse envolvimento acontece naturalmente. Talvez até por verem minha admiração, dedicação e estudos da fotografia em preto e branco, ou até em associação à minha imagem de marketing pessoal – camisa, águia branca, enfim, eles vestem literalmente a camisa do nome Tyto Neves e da fotografia em preto e branco.

Francisco Cribari
Francisco Cribari

iC – Na sua ótica, qual a importância de uma publicação voltada à fotografia P&B no Brasil?_

Tyto – Meu objetivo é trazer à luz publicações autorais em preto e branco de fotógrafos profissionais e amadores. Ressalto sempre que amador é aquele que ama, e nesse ponto me coloco como um amador da fotografia preto e branco. Nesse ponto acredito que ela seja de grande importância para o mercado.

iC – E qual a sensação agora que a revista já está rodando pela internet?

Tyto – Cara, estou muito feliz! Sou muito emotivo, e quando apertei o botão de “publicar” – no ISSUU – fiquei alguns minutos mudo. Não conseguia falar… foi uma sensação incrível.

Eric Licen
Eric Licen

iC – Por que a escolha da plataforma digital? Existem planos de ter uma versão impressa?
Tyto – O objetivo da revista é facilitar o acesso para que todos possam ver em qualquer dispositivo digital. Por isso à princípio escolhemos essa plataforma. Existe a possibilidade de criarmos um app – mas estou estudando algumas parcerias para desenvolvermos sem custo ao usuário final. Ou seja, quero que a publicação digital seja gratuita. A revista tem 128 páginas e é totalmente em preto e branco. Na atual situação, publicar impressa torna-se praticamente inviável. Mas claro, não é impossível. Assim como para a criação dos apps, estamos avaliando opções de fornecedores/parceiros para impressão.

Marco Americo
Marco Americo

iC – Como os fotógrafos podem participar da revista?
O processo de seleção de autores é por convite. Avaliamos a consistência do trabalho mediante as postagens com a hashtag #euamopretoebranco no Instagram, marcações de nosso perfil @pbmag, e também no grupo Eu amo preto e branco no Facebook. Como disse na revista: “Estamos de olho em suas postagens!”. Hoje, estamos com 5275 imagens tageadas. E esse número cresce a cada dia.
Um ponto importante a destacar, é que observamos a linguagem preto e branco na sua essência.
Ou seja, nada de fotos sépia ou qualquer outra atribuição que não seja puramente preto e branco.

Uma coisa que faço questão de destacar, é que sem a participação dos amantes da fotografia preto e branco, nada disso seria possível. Sou apenas o idealizador e o canalizador de potencialidades.

Agradeço a cada postagem, compartilhamento, comentário, e peço que vocês continuem acompanhando, comentando, postando fotos com ‪#‎euamopretobranco, seguindo nosso perfil @pbmag – e prestigiado os autores, afinal na próxima edição você poderá estar presente!

Caique Goya
Caique Goya

 

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