Cinematografia social: ideia na cabeça, uma reflex na mão

Esqueça as equipes de filmagens, com um ou dois videomakers circulando em volta do altar e mais assistentes iluminando tudo. Mariano Teocrito é um “lobo solitário” da cinematografia social. “Eu vou só, com minha mochila e tripé”, avisa o argentino de 35 anos de idade, o último deles filmando casamentos por conta própria, após deixar a Goou Cinematografía que ajudou a fundar em favor da marca pessoal, Mariano Teocrito Filmmaker.

Mariano se dá bem com câmeras. Praticamente cresceu dentro de um estúdio de televisão, pois seu pai trabalhava em um dos canais mais importantes da Argentina. “Imagina o que representava para uma criança como eu participar desse mundo de fantasia (atores, câmeras, microfones, gravações, luzes, som etc)?”, pergunta, assumindo aí a sua maior motivação para seguir na carreira.

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Mariano Teocrito: no futuro, vídeos de casamento em festivais de cinema. No alto, vídeo feito por ele no Rio de Janeiro, no início deste ano

“Quando estava no colégio, fiz um curta-metragem (se é que posso chamar aquilo disso!), com uma câmera caseira, pequena, e editado com dois videocassetes, para um curso de literatura. Não era algo comum esse tipo de produto para um trabalho prático, porém resultou ser algo novo e um grande desafio, que me permitiu fazer o que eu gostava: filmar e editar meu primeiro audiovisual”, continua o argentino, que começou a carreira solo (na verdade, já na época da Goou, onde ficou por quatro anos) usando a tecnologia que revolucionou o mercado de filmagens.

Primeira câmera digital com lentes intercambiáveis capaz de filmar, a Nikon D90, foi lançada em 2008, período que coincide com o início profissional de Mariano, e foi essa novidade que lhe facultou poder atuar do modo como atua hoje – independente. Embora adepto da ideia de que qualquer equipamento serve para se fazer um bom vídeo, bastando para isso uma boa ideia, ele reconhece o valor da inovação: “Foi de suma importância para a parte estética do trabalho, sabendo que com baixo custo era possível chegar perto do visual de uma produção cinematográfica”.

Essa mudança também foi benéfica para segmento social e refletiu num movimento de contínuo crescimento, na avaliação do cinegrafista: “Os casais tomaram consciência de que existe uma metodologia de trabalho diferente para entesourar esse momento tão especial em suas vidas”, avalia.

Mariano elegeu como ferramenta de trabalho a Canon 6D, pois acredita que essa HDSLR, que grava vídeos em 1080p e é uma das full-frame mais em conta do mercado, se encaixa perfeitamente em seu estilo de filmar. Claro que uma das grandes vantagens desse casamento entre câmeras reflex e vídeos em full-HD é a possibilidade de trocar as objetivas. Uma condição, no entanto, que o portenho relativiza. Para ele, a lente mais adequada é o próprio olhar. “Eu comecei gravando casamentos com uma 50mm somente, por questões econômicas”, exemplifica. “Isso não foi impedimento para, segundo meu critério, conseguir trabalhos muito bons”.

Com isso, é de se imaginar que o rapaz não seja muito ligado em inovações tecnológicas. Mariano, um “self made man” também na hora de editar seus vídeos, não perde de vista o que o mercado anda lançando, mas de fato não se abala por essas novidades. Do mesmo modo, não tem por regra seguir tendências, embora guarde admiração pelo trabalho de muitos colegas. “Há trabalhos sendo realizados com muito profissionalismo”, diz. Com base nisso, e no crescimento que o segmento tem demonstrado, ele arrisca uma previsão otimista para o setor: “A meu ver, em um futuro imediato, a cinematografia de casamentos pode chegar a ser reconhecida em festivais de cinema, pela sua significativa qualidade”. É esperar para ver.

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