Wedding: opções para antes e depois

Foto: Marcel Martins

Faz tempo que fotografar casamentos não se resume a tirar fotos da cerimônia ou da recepção. Por conta da concorrência – e da exigência dos clientes – os profissionais da chamada fotografia social vivem em constante luta por acrescentar algumas imagens a mais no álbum dos noivos – ou na decoração da festa. Imagens mais elaboradas, artísticas, produções em locais significativos ou interessantes, situações inusitadas ou engraçadas, uma boa dose de poeira ou água sobre o vestido, tudo vale para agradar aos clientes e fazer com que gastem um pouco mais do orçamento com as fotos.

O foco principal está nos dias que antecedem à cerimônia. Mas também são comuns trabalhos que extrapolam o grande dia. “Trash the dress”, “pré-wedding”, “e-session”, “save the date”, “making-of”, “street wedding” são alguns dos nomes usados para se descrever o que, em geral, são ensaios fotográficos do casal. O uso desta ou daquela variação dependerá do momento, da região ou da preferência do cliente.

Para citar um exemplo, o Trash the dress, ensaio no qual quase sempre os noivos apareciam rolando na areia da praia – com vestido e tudo – já viveu seus dias de glória. “Em São Paulo não tem tanta saída como no sul do país. Aqui os casais preferem fazer a e-session”, afirma o publicitário e fotógrafo social paulistano Marcel Martins, que oferece o e-session desde o ano passado. O nome, ele diz, é uma abreviação de “engagement session” (sessão do noivado).

“A ideia é fazer fotos artísticas em locais externos pré-determinados pelo casal e, claro, fugir das fotos convencionais. Muitos casais estão aderindo a essa nova ideia”, garante o fotógrafo que, quando conversou com o Photo Channel, já tinha agendado quatro ensaios desse tipo para agosto. Entre as locações preferidas, está o Museu do Ipiranga; muros grafitados também são bastante apreciados, bem como poses descontraídas.

Foto: Marcel Martins
Marcel Martins é adepto da e-session: “Muitos casais estão aderindo a essa nova ideia” (foto: Marcel Martins)

Descendo mais ao sul, a e-session dá lugar ao pré-wedding, nomenclatura que Julio Trindade, fotógrafo baseado em Florianópolis (SC), prefere adotar. Mas é basicamente a mesma coisa. Trata-se de um item obrigatório no contrato de serviço, ele acredita, visto que desse ensaio saem as imagens usadas na decoração do casamento.

“Já o ensaio pós-wedding é um item opcional, com um perfil de cliente mais exclusivo”, pondera, numa relação que costuma ser 80% em favor do pré contra 20% do pós.  “Claro que também irá depender do valor que o profissional cobrar, pois há vários níveis de mercado. Quem cobra mais em conta produz bem mais, eu acredito”.

Apesar disso, Julio aposta nos ensaios posteriores ao casamento, por possibilitarem mais tempo para criar. Inclusive no Trash the dress. Aconteceu até de o fotógrafo produzir um “trash” antes da cerimônia. “Trash às avessas”, conforme apelidou. Mas havia um truque: a moça usou o vestido de noiva da sua mãe.

Foto: Julio Trindade
Em baixa em SP, Trash the dress ainda tem mercado no Sul. Julio Trindade aposta nisso

Ricardo Cintra, outro paulistano que também atua no segmento, aprova a elaboração de ensaios antes do casamento, mas com ressalvas: “Além de ser uma oportunidade de se aproximar do casal para que, no dia do casamento, eles estejam mais à vontade com o fotógrafo, é uma forma de terem fotos do dia a dia com uma ótica diferente e guardar isso para sempre”, descreve os prós. “Claro que esse ensaio também tem que ser de muito bom gosto, sem acrescentar muitas coisas da moda. O que tem que ditar a moda e a época das fotos é a roupa, e não elementos acrescentados pelo fotógrafo”, avisa, para em seguida detonar: “Vejo alguns novos aventureiros fotografando até dentro de supermercado. Qual é a graça ou emoção de retratar o casal dentro de um supermercado vestido de noivos fazendo compras?”, ironiza.

Ricardo prefere se ater ao básico: making-of, registro da cerimônia e recepção. “O principal é fazer um belo registro, com uma iluminação elaborada, fora do tradicional, do que qualquer convidado com uma boa câmera possa fazer. Contar uma história do dia com elementos e pessoas que realmente fazem parte do casal e finalizar tudo em um belo álbum (livro) editado (edição clean) com essas imagens, contando uma história com começo, meio e fim”.

Foto: Ricardo Cintra
Ricardo Cintra prefere se ater ao básico: making-of e cobertura da cerimônia e festa (foto: Ricardo Cintra)

Ele, no entanto, aderiu ao “street wedding”, ideia patenteada pelo fotógrafo-celebridade catarinense Everton Rosa. O diferencial dessa variação é que não precisa de um casamento marcado para ser feita. Até mesmo quem já casou ou nem pensa nisso pode contratar um “street”. De resto, o conceito é similar ao dos demais.

Não importa o nome que se dê ou a temática que se adote, tudo desemboca no mesmo: fotos impressas, slideshows, vídeos e no álbum do casamento – este último “é e sempre será o carro-chefe”, para Ricardo Cintra. Julio Trindade, por seu turno, ancora seu pacote ao álbum impresso como forma de garantir a qualidade do serviço. Para este, a qualidade dessas saídas serve para avaliar a excelência do profissional, mesmo que nem sempre o cliente esteja apto a ver a diferença. O que importa é que, num mercado tão concorrido, cabe ao fotógrafo oferecer o melhor, seja na cobertura tradicional do casamento, seja inovando em ensaios antes ou depois da cerimônia.

Foto: Julio Trindade

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